Tudo sobre a banda britânica Muse formada por Matt Bellamy, Dom Howard e Chris Wolstenholme.

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Rolling Stone americana de outubro

Na edição desse mês da revista Rolling Stone estadunidense há uma entrevista com o Muse, em que eles falam sobre a ascenção da banda nos EUA, a turnê com o U2, visões políticas e a banda do pai do Matt.

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Matt Bellamy vê isso como “uma experiência pra pôr nossos pés no chão,” o vocalista-guitarrista-pianista nos fala alguns dias antes de sua banda, o trio inglês Muse, começar uma turnê de três semanas abrindo shows para o U2 em estádios. “Te faz lembrar que você está indo bem, mas não tão bem quanto eles,” ele adiciona, rindo, pelo telefone de sua casa em Lago de Como, no norte da Itália.

Na verdade, Bellamy, 31 anos, está ligando do meio de um pandemônio. Uma semana antes, no dia 13 de setembro, Bellamy, o baterista Dominic Howard e o baixista Chris Wolstenholme fizeram sua primeira apresentação na televisão estadunidense e na Broadway na mesma noite. A performance de “Uprising”, o single metal-pneumático do novo álbum do grupo, The Resistance – de um show que a banda tocou para uma casa lotada no Teatro Walter Kerr em Nova Iorque – foi televisionada durante os Video Music Awards da MTV.

Dois dias depois, The Resistance, o quinto álbum de estúdio do Muse, foi lançado. Então, no dia 23 de setembro no Giants Stadium, Muse tocou seu primeiro set sob as garras do U2, que convenientemente continha uma versão de “America”, do filme Amor, Sublime Amor. Nessa época, The Resistance – uma mistura de rock com guitarras serrilhadas, explosões de música clássica e o lado apocalíptico de Bellamy, disparado em um falsete de quebrar copos – já era o número um em 16 países, incluindo o Reino Unido, e número três nos EUA. The Resistance é certamente o único álbum do mundo nas paradas no momento com uma canção – “United States of Eurasia (+Collateral Damage)” – que contém uma referência vocal ao Queen, uma citação do “Nocturne in E Flat Major” de Frederic Chopin e letra inspirada por “The Grand Chessboard: American Primacy and Its Geostrategic Imperatives”, um livro escrito pelo ex-conselheiro de segurança nacional Zbigniew Brzezinski publicado em 1998.

O sucesso americano do Muse está crescendo faz tempo. Bellamy, Howard, também 31 anos, e Wolstenholme, 30 – amigos de escola de Teignmouth, uma pequena cidade na costa sudoeste da Inglaterra, que começaram a tocar juntos em 1994 – já venderam oito milhões de álbuns ao redor do mundo, e lotaram o Wembley Stadium sozinhos em 2007. “Mas sempre estivemos um pouco atrás nos EUA,” Wolstenholme admite. Howard é mais direto: “Os dois primeiros álbuns não valeram lá”. Um acordo com o selo da Madonna, Maverick, acabou depois do primeiro álbum do Muse, Showbiz, em 1999, em parte porque a empresa pediu que Bellamy pegasse leve com o falsete. O Muse finalmente começou a fazer turnês de verdade lá em 2004; três anos depois eles lotaram o Madison Square Garden em Nova Iorque.

“Tem sido um aumento gradual, e há certo prazer nisso,” diz Bellamy, falando extremamente rápido num tom alegre. “Nós não chegamos lá com nenhuma canção ou álbum extremamente famosos, embora eles tenham ido bem. Nós não devemos nada a ninguém. Tudo veio por fazermos bons shows e termos uma boa conexão com os fãs”.

Esses fãs vão desde a autora de Crepúsculo, Stephenie Meyer, que citou a banda como inspiração para seu quarteto de romance vampiro (o grupo também tem canções nas trilhas sonoras de ambos os filmes da franquia Crepúsculo), até o demagogo conservador Glenn Beck, que tocou “Uprising” no seu programa sindicado de rádio. “Eu não sei muito sobre ele,” Bellamy confessa, “além de que ele tem algumas opiniões questionáveis sobre alguns assuntos sociais.”

As visões políticas do próprio vocalista são mais bem descritas como ceticismo agressivo. “Estou faminto por um pouco de inquietação/Vamos levar isso para além do protesto pacífico,” ele canta em cima da turbulência de rock progressivo de “Unnatural Selection”, que Bellamy escreveu após a morte de uma pessoa inocente, empurrada por um policial, durante protestos contra as reuniões do G20 que aconteceram recentemente em Londres.

Bellamy odeia políticos da esquerda e da direita – “Eu não acredito que nós deixamos a verdadeira política para uma pequena rede de pessoas que não se importam com quem votou nelas” – e é um estudante esforçado de teorias conspiratórias, até certo ponto. “Eu sou uma pessoa curiosa,” ele diz, e insiste, “um pensador racional. Há um monte de coisas na internet sugerindo que o 11 de setembro foi planejado pelo governo. Mas não é nisso que eu acredito”.

“Ele gosta de extremos,” diz Howard das letras de Bellamy. “Mas de qualquer maneira esse tipo de coisa funciona melhor com a nossa música”. A concepção mais errada sobre o Muse, ele diz, é que “nós somos uns caras sérios que pensam que o mundo acabará nos próximos 10 minutos”. (Wolstenholme diz que a banda riu muito enquanto trabalhava em “United States of Eurasia”, especificamente “no pedaço estilo Queen. É tão ridículo”.)

Aliás, o estúdio onde Muse gravou The Resistance é um abrigo subterrâneo – uma caverna feita pelo homem dentro de uma montanha perto da casa de Bellamy em Como. Ele criou o lugar convertendo espaços anteriormente usados como áreas de estocagem. “Você entra num elevador e vai dois andares para baixo,” ele diz. “Isso influenciou a gente também. A paranóia sempre presente nos nossos álbuns foi acentuada pelo fato de estarmos isolados lá embaixo, assistindo aos noticiários da BBC o dia inteiro”. Quando perguntado o quão paranóico ele é, Bellamy não se incomodou. Sua namorada italiana é, ele diz, “uma psicóloga qualificada. Ela me diz que eu realmente tenho leves tendências paranóicas”.

Bellamy também tem o rock na sua árvore genealógica. Seu pai, George, foi guitarrista na banda britânica dos anos 60 The Tornados. Seu clássico instrumental de 1962, “Telstar”, um tributo a um satélite de comunicação, produzido por Joe Meek, foi o primeiro single de um grupo britânico a atingir o número um nos EUA. Mas George estava trabalhando numa empreiteira de obras e como encanador quando Matt nasceu em Cambridge em 1978. “A indústria traiu meu pai – não pagaram nada a ele,” diz Matt. Em casa, “não havia glamour ou a sensação de que eu estava sendo criado por uma pessoa famosa”. Matt não pegou a guitarra até sua adolescência, pouco tempo depois do divórcio de seus pais. “Tenho certeza de que teve algo a ver com ele,” ele diz. “Eu sentia falta dele e me voltei para a guitarra”. (O pai de Wolstenholme trabalhava da indústria de carvão; o pai de Howard era um alfaiate, especializado em vestes acadêmicas e de igreja.)

Matt diz que agora pode ver um pouco da influência dos Tornados em canções do Muse como “Knights of Cydonia”, o enorme encerramento estilo ‘filme de bang bang espacial’ do seu álbum de 2006, Black Holes & Revelations. “Ainda se diferencia por ser música bem inesperada, especialmente para o seu tempo,” diz Matt da canção famosa de seu pai. “Acho que sempre pensei que ser inovador, fora do comum, fosse uma coisa boa”.

“Estranhamente, ele acha que eu me saí bem melhor, em termos de sucesso,” adiciona Matt. “Eu controlo meu próprio destino. A maior preocupação dele era que ninguém nos dissesse o que fazer. Mas até eu conseguir um número um nos EUA, sempre terei um pesinho nas costas”, ele ri. “Se eu conseguir um álbum número um lá, estaremos realmente quites”.

(Retirado da edição 1089 – 15 de outubro de 2009)

Fonte: Rolling Stone

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A equipe mais animada, doida, faladeira e confusa que um fã clube de Muse poderia ter. Nós amamos Muse de todo o coração assim como (a maioria) dos seus fãs. A dedicação é de coração.

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