Trilha Sonora para o Apocalipse

Artigo publicado originalmente da revista Kerrang! em 13/04/2006.

TRILHA SONORA PARA O APOCALIPSE

• UNO

Matt Bellamy (Guitarra/vocais): “Oh, não. Essa foi o primeiro vídeo de todos e é simplesmente vergonhoso. Desastroso. Nunca deveria ter sido mostrado. A performance em que aparecemos é apenas um checagem de som que fizemos com a música e alguém filmou e disse, ‘Certo, entra no carro’. Nós fomos até a Tower Bridge e simplesmente ficamos lá parados. E isso era o vídeo, nós parados na Tower Bridge, simples assim. Eu nem sei o que isso significa.”

Dom Howard (bateria): “Foi horrível, não houve nenhum tipo de planejamento e é simplesmente embaraçoso. Nós estamos horríveis e eles tentaram fazer algum filme do tipo lapso do tempo. Foi totalmente embaraçoso.”

Matt: “Foi embaraçoso porque eu estava de pé em uma caixa e vendo todos aqueles paletós andando na direção contrária. Eu fiquei lá cantando e parecendo um… Eu tinha um fone em um ouvido e eu estava lá enquanto as pessoas passavam por mim. Eles provavelmente pensaram que eu sou uma daquelas pessoas que se arrumam e apenas ficam lá, paradas.”

Dom: “As pessoas provavelmente pensaram que estávamos fazendo uma performance publica. Tenho muita vergonha dessa época.”

• MUSCLE MUSEUM

Matt: “Aquele com toda a choradeira… Esse foi feito quando assinamos com a Maverick nos Estados Unidos. Estávamos fora de LA, fazendo uma turnê com o Red Hot Chilli Peppers – e eles exageraram. Acabamos fazendo este vídeo ridículo que era extremamente caro. A coisa toda acabou não funcionando e nós encerramos com a Maverick logo após o nosso primeiro álbum. Foi tudo um bocado estranho, porque lá eles nos viram como essa coisa enorme – e nós não éramos, nós éramos apenas um bando de moleques que fazendo filminhos indie na Tower Bridge!”

Dom: “Mais uma vez, era foi um vídeo muito constrangedor!”

Matt: “A idéia original era muito boa. Todos fazendo suas atividades diárias e depois apenas sucumbindo. Mas quando ele saiu, era tão brilhante, tão ‘LA’… não combinava conosco. Não era pra ser o povo chorando o tempo todo!”

Chris Wolstenholme (baixo): “Eu tenho certeza que quando li pela primeira vez a idéia original para o vídeo, tive a impressão de que fosse ‘Black Hole Sun’ (vídeo do Soundgarden).”

Matt: “Os primeiros dias foram muito difíceis para nós porque éramos muito jovens, e nós estávamos aprendendo tudo pela primeira vez. Eu não acho que fomos felizes com qualquer um dos vídeos que fizemos no primeiro álbum, na verdade.”

• PLUG IN BABY

Matt: “Este foi dirigido por um cara chamado Howard Greenhalgh. Havia um tema nesse vídeo – que era ter um monte de modelos nele. Eu não sei de onde veio a idéia dos tentáculos de metal.”

Chris: “Originalmente, era para ser membros, apenas um braço ou um pé rastejando para nós, mas por alguma razão isso não aconteceu – ele é apenas mais um desses vídeos que saíram completamente diferente de como nós imaginamos. A idéia original era boa, mas não deu muito certo.”

Matt: “Você sempre acredita na idéia original, mas muitas vezes você percebe que você não pode se dar ao luxo, assim você acaba fazendo concessões. Esse era para ser um vídeo com a gente tocando com alguns ‘membros’ rastejando ao redor, sugerindo algum tipo de robô, andróide máquina-do-sexo ou algo assim … mas tudo bem, não ficou  muito ruim, com umas coisas esquisitas penduradas em volta da casa com algumas  mulheres estranhas.”

• NEW BORN

Chris: “Acho que foi o primeiro vídeo decente que nós fizemos. Fomos a Praga. Eles construíram este cenário, mas o cenário foi virado de lado, assim o muro ficava no chão.”

Matt: “A ideia era para ser nós tocando ao lado de um funeral. Parece que ninguém conseguiu entender – todos sempre acham que a câmera estava em 90 graus. Eu acho que é porque  a multidão não estava realmente lá, nós tivemos que fazer a cena com as pessoas separadamente em bluescreen e depois juntar tudo. Concessões foram feitas. Mas nós acabamos com algo razoavelmente bom, eu acho.
Foi dirigido por David Slade. Ele costumava fazer-nos usar um monte de maquiagem amarela. Ele nos pintava de amarelo e dizia: “Confie em mim” – e então nós olhávamos no espelho e parecia ridículo. Mas no filme, ele nos fez parecer dourados. Nossa pele não parece tão incomum na tela, mas estávamos completamente amarelo fluorescente para todos os vídeos que já fizemos com David Slade “.

• BLISS

Matt: “A razão pela qual eu gosto de David Slade é que suas idéias são muito acima e além do que é realizável nos reinos da indústria cinematográfica. Sua idéia original para o vídeo era uma pessoa caindo através do espaço para a terra. Você acha que a pessoa vai bater o chão e morrer, mas ela só atravessaria o centro da terra e sairia do outro lado.
Parecia só uma idéia estranha, por isso, conversamos sobre a idéia de tentar fazê-lo. Mas, obviamente, o planeta Terra foi um pouco difícil de conjurar, então acabamos nos contentando com uma espécie de ‘Estrela da Morte’ de Guerra nas Estrelas. Passei o dia todo preso em um cinto pendurado no teto. Parecia só uma idéia louca, mas fomos em frente.”

Dom: “Na maior parte do tempo, eu e Chris apenas ficamos sentado sem fazer nada, vendo Matt balançar em seu cinto. Tivemos que ficar naquele compartimento esquisito, preso fora do tubo por onde o Matt caía. Nós meio que ‘giramos’ um pouco, o vimos cair e essa foi nossa única aparição no vídeo!”

• STOCKHOLM SYNDROME

Matt: “Nós fizemos este vídeo nós mesmos. Nós o fizemos no lugar onde tínhamos escrito praticamente todo o álbum (Absolution), um armazém em Hackney. Fomos lá com algumas câmeras térmicas – influenciado pelo filme Predador, com as filmagens térmicas onde você pode ver apenas o calor. Foi mais uma desculpa para arrumar as câmeras e se divertir com elas realmente! Em pouco tempo Dom já estava se debruçando sobre uma mesa de bilhar, acendendo um pum e filmando com a câmera térmica. Você ficaria impressionado se visse o vídeo! Eu tentei fazer com que colocassem essa filmagem no vídeo, pois as pessoas nunca perceberiam o que era, parecia que era um dragão ou algo assim. Foi divertido perder tempo com as câmeras térmicas e jogar água gelada sobre nós mesmo, porque, obviamente, se você o faz, parece que você está se dissolvendo”.

• TIME IS RUNNING OUT

Matt: “Eu achei Time Is Running Out um dos vídeos mais legais de fazer, porque parecia que não éramos os únicos representando lá. Enquanto estávamos tocando havia um grupo grande de pessoas – 20 ou mais – que foram fazendo essa manobra de dança sincronizada ao nosso redor. E eu realmente gostei porque parecia que éramos parte dela, ao invés de ser o centro. Foi realmente impressionante vê-los fazer tudo. No entanto a idéia original era um pouco diferente.”

Chris: “O diretor tinha essa idéia da sala de guerra do clássico filme de Stanley Kubrick Dr. Strangelove. E ele disse: ‘Vamos arrumar umas mulheres nuas e ver o que acontece!”

Matt: “Seu ‘tratamento’ foi praticamente inexistente, era apenas uma imagem… Era uma coisa muito solta. Mas nós achamos que ele parecia uma pessoa boa para trabalhar, porque ele era muito aberto às nossas idéias. Eu queria fazer algo como ‘Around the World’ do Daft Punk – uma dança sincronizada que estava acontecendo ao nosso redor, mas no estilo ‘Dr. Strangelove’ – era a idéia para o vídeo, e foi isso que acabou sendo.”