Tudo sobre a banda britânica Muse formada por Matt Bellamy, Dom Howard e Chris Wolstenholme.

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Entrevista: Vivendo o sonho

Entrevista concedida ao site australiano The Sydney Morning Herald e publicada em 26 de novembro. Texto de Andrew Murfett.

O líder do Muse, Matt Bellamy, não é nenhum desconhecido para as visões grandiosas – nem a sua música.

Matt Bellamy gosta de drama. Você pode ouvir isso na música melodramática de sua banda, Muse. Você pode ver isso na pompa e no tom teatral de seus profundos shows ao vivo. E se você fosse malicioso, poderia dizer que o namoro com a atriz Kate Hudson é mais uma evidência.

O homem de 32 anos é, naturalmente, o líder e compositor no comando de uma das maiores bandas do mundo. O trio inglês – Bellamy, o baterista Dominic Howard e o baixista Chris Wolstenholme – se conheceu quando eram adolescentes em Devon e têm expandido seu grupo de fãs com cada de um de seus cinco álbuns.

Inicialmente dispensados como um “Radiohead mais leve”, desde sua estréia com Showbiz em 1999, cada álbum do Muse teve mais pompa, exagero e absoluta liberdade do que o seu antecessor.

Durante uma conversa, o pequeno Bellamy é educado e relativamente modesto. Ele hesita um pouco ao explicar a criação da peça central de quinze minutos que definiu o álbum blockbuster de 2009 do Muse, The Resistance.

No entanto, o que o Muse se tornou e o papel que Bellamy teve nisso exige algo mais que modos educados ao telefone e falsa modéstia. O que está sendo dito é que quando era criança, Bellamy experienciou aquilo que ele pensava ser na época sonhos aleatórios. Nesses sonhos, ele podia se ver como numa animação, tocando nos grandes palcos do mundo, liderando enormes shows em estádios. Hoje, ele consegue se lembrar vividamente de quanto tinha 18 anos e pensava em reinar sobre o palco de um estádio. Não é com isso que todos os fãs de música sonham?

Sim, mas quando se torna verdade, você olha para trás e pensa, ele diz, sonhar é ter uma visão do futuro ou é apenas ter confiança, acreditar naquilo e fazer acontecer? É estranho. Eu vi claramente algumas coisas que aconteceram de verdade, alguns shows e alguns momentos, e eu senti como se soubesse que ia acontecer. Ou foi arrogância ou foi uma previsão do futuro.

The Resistance, um enorme sucesso comercial, dividiu a crítica. Uma pergunta comum – além daquela sobre Bellamy ser maluco – é se ele está, de fato, tirando sarro. O álbum apresenta uma orquestra, faixas operáticas e efeitos sonoros de combate aéreo. Há histórias sobre agitação civil, a ascensão de um superpoder sombrio e a suposta e covarde resistência à corporativização. Ah, e uma história de amor: uma narrativa romântica se transforma num reflexo sobre a vida, usando o amor como uma chave para escapar dos problemas do mundo em geral.

Eu gosto do álbum, ele diz. Ele tem uns elementos bastante diferentes e eles pareceram funcionar.

Grande parte do álbum foi escrito durante os espasmos da atual crise econômica da Inglaterra. O apartamento de Bellamy em Londres fica perto da Embaixada Americana e ele via como os protestos ficavam maiores a cada semana.

Isso o motivou também a reler o romance 1984, de George Orwell; a primeira vez que o lia desde o ensino médio. De fato, Resistance foi baseado na narrativa do livro; o tema era uma história de amor contra um pano de fundo de agitação civil.

Aquilo definitivamente causou um impacto, ele diz. Havia um senso de revolta e uma sensação de que as pessoas podiam entrar em colapso. Como aconteceu na Grécia, por exemplo. A Inglaterra estava muito perto disso. Havia uma sensação de que era a hora de se revoltar contra os banqueiros e políticos e fazer uma mudança.

The Resistance não gerou singles de sucesso como nos álbuns anteriores do Muse. Mas ajudou a banda a aumentar seu grupo de fãs.

No último verão europeu, a banda liderou nove shows de estádio com público médio de setenta mil pessoas. Eles fecharam shows em Wembley, Stade de France, Coachella e Glastonbury, onde o Muse iria encarar o U2 antes de o problema de coluna de Bono ter cancelado a apresentação principal dos roqueiros irlandeses.

Eu estava nervoso, Bellamy diz. Quando ficamos sabendo que o U2 não tocaria mais, pensei em chamar o Edge e fazer um tributo ao U2, já que grande parte do público tinha comprado ingressos na esperança de vê-los. Fiquei surpreso por ele ter aceitado.

Bellamy diz que a banda também aprendeu muito enquanto faziam shows de abertura para o U2 no ano passado.

Muitas bandas tratam as pessoas que trabalham com elas como lixo, ele diz. O U2 não faz isso. Agora somos mais dessa forma com a nossa equipe.

Ele também estudou a montagem do palco do U2. Essa turnê, por exemplo, será a primeira experiência do Muse tocando em arenas circulares.

A mente de Bellamy começou a vagar enquanto fazia turnê com o U2. Será que o Muse teria condições de se tornar tão grande quando as superestrelas irlandesas? Eles podem se adaptar, claro. Mas fazer shows em que a banda se pressiona emocionalmente e também eleva seu nível de apresentação todas as noites é intimidante.

Eu toparia, com certeza, ele diz. Sempre achei que tínhamos que superar diferentes desafios como uma banda todos os anos. Você eleva o nível e segue assim. Você pode achar que vai dar tudo errado, mas muitas vezes você quer se provar do contrário.

Também há o pequeno detalhe de provar as pessoas do contrário. Como, digamos, a paixão de Bellamy por teorias conspiratórias.

Quando você compõe uma canção que explora criadores “megalomaníacos” de políticas estrangeiras e a visão que, segundo Bellamy, eles têm do mundo como um tabuleiro de xadrez a ser manobrado, você tem que estar preparado para um revés.

Desde o primeiro dia, sofremos um abuso gritante e tudo o mais, ele diz. Se você deixa isso te influenciar, você acaba deixando isso afetar sua escrita e ela deixa de ser verdadeira.

É desencorajador continuar assim?

Todos os nossos álbuns foram um pouco melhores que os anteriores. Tem sido gradual. Esse álbum foi bem, mas não é como se a nossa estreia tivesse sido gigantesca e tudo tenha ficado na sua sombra. Nenhum desses medos existe.

A turnê australiana do Muse começa em Brisbane, em 6 de dezembro.

Fonte: SMH

Comments: 11

  • sum_bellamy

    26 de novembro de 2010
    reply

    Simplesmente indescritível, Bellamy AHAZA

  • MieBellamy

    26 de novembro de 2010
    reply

    O incrivél Bellamy!!! te amo!!

  • Laisa

    26 de novembro de 2010
    reply

    Matt prevendo o futuro, mano. lol

  • Maria Luiza

    26 de novembro de 2010
    reply

    aaah que entrevista legal !!!

  • Maria Luiza

    26 de novembro de 2010
    reply

    ” O Pequeno Bellamy ” .-.

  • yasmim

    26 de novembro de 2010
    reply

    Não existe entrevista do Matt q eu leia e não me impressione com oq ele fala!

  • stela

    26 de novembro de 2010
    reply

    Sim, mas quando se torna verdade, você olha para trás e pensa, ele diz, sonhar é ter uma visão do futuro ou é apenas ter confiança, acreditar naquilo e fazer acontecer? É estranho. Eu vi claramente algumas coisas que aconteceram de verdade, alguns shows e alguns momentos, e eu senti como se soubesse que ia acontecer. Ou foi arrogância ou foi uma previsão do futuro.

    por um instante, só por um instante, eu achei que ele estivesse fumado antes da entrevista. só por um instante

  • coltsfan

    26 de novembro de 2010
    reply

    Matt é o kra!

    as entrevistas deles são fodásticas! até quando as perguntas são repetitivas!

  • musemaniac14

    26 de novembro de 2010
    reply

    imagino no que ele deve estar sonhando agora, tocar no espaço, na lua provavelmente, o céu não parece o limite para muse, o matt é o kra mesmo! foda…

  • dannyy

    27 de novembro de 2010
    reply

    Não sei nem o que dizer… tô paralizada.

  • Izaa.

    28 de novembro de 2010
    reply

    Sem palavras. Muito foda essa entrevista.

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