Tudo sobre a banda britânica Muse formada por Matt Bellamy, Dom Howard e Chris Wolstenholme.

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Especial NME Reading & Leeds #2

A segunda parte da matéria da NME! Já leu a #1?

COMO MUSE CRIOU SUA OBRA PRIMA

Inspirados por alucinações, lâminas voadoras, garras de lhama e muito mais, sabia-se que Origin of Symmetry não seria um álbum convencional quando o Muse foi gravá-lo. Mal eles sabiam, porém, que a loucura gerada por cogumelos os levaria a criar sua obra-prima.

Origin of Symmetry deveria marcar um final, mas em vez disso, marcou o mais ousado dos inícios. No fim do século 20, o rock estava prestes a se despedaçar. Oasis, Embrace e Travis estavam levando sua grandiosidade a insustentáveis alturas, Radiohead havia deixado o Planeta Guitarra para habitar pastos mais cerebrais e todo o resto – pressentindo que o rock havia finalmente esgotado suas ideias – pegou um banquinho, um violão e acalmou o cenário.

Em 2001, Origin deveria ter marcado a destruição final, o ponto em que a música feita com guitarras elétricas tornou-se muito grande e bombástica para se sustentar e gerou um auto colapso. Ao mesmo tempo, Matt Bellamy parecia estar um desastre. Em entrevistas, ele falava sobre uma teoria em que o espaço estava lotado de aranhas flutuantes, que queriam aterrissar em um planeta habitável. Ele estava convencido de que a humanidade evoluiria para um híbrido de homem e máquina, que poderia fazer um download da personalidade de outras pessoas para sua própria. E Matt achou que alguém estivesse tentado controlar sua mente, após ter visões enquanto estava em tour.

Eu tinha essas estranhas visões sobre uma lâmina triangular, prata e muito afiada. Estava em uma paisagem completamente árida, cinza, morta, com um horizonte infinito, e tentando desviar dessas lâminas que flutuavam por todos os lados. Eu podia senti-las cortando meu cérebro.

O primeiro álbum do Muse, Showbiz, foi um affair ambicioso, mas ao mesmo tempo, incompleto. Eles construíram um burburinho inicial em volta de seus primeiros singles, mas seus shows destrutivos e apaixonados é que angariaram fãs devotados, completamente cientes de que essa era uma banda com potencial para tocar em grandes arenas, em vez de casas de shows pequenas. Além disso, no começo de Janeiro de 2000, uma nova faixa começou a se intrometer no setlist de Showbiz. Ela tinha um riff de guitarra envolvente e seu clímax acontecia em um refrão que subia aos céus e parecia falar sobre uma amante robô que emitia laser.

Plug in Baby tornou-se instantaneamente um clássico do rock, que fez os shows do Muse imperdíveis e nos 18 meses seguintes, ganhou a companhia de New Born, Bliss e Citizen Erased, de longe o grupo de músicas mais impressionantes que eles tocaram.

Quando a banda foi gravar essas faixas em novembro com Dave Bottrill, produtor do Tool, no Surrey’s Ridge Farm Studios, Matt havia desenvolvido uma tendência a não se comprometer com as coisas. Vestido com uma roupa de Blade Runner feita no Japão, com os cabelos pintados de azul e com veias dos braços pintadas de preto, ele percebeu que poderia ser bem sucedido seguindo seu próprio caminho ao invés de atender aos desejos da mídia ou do público. Então Muse decidiu estimular seu lado histriônico, hardcore e operístico ao máximo em Origin e, com isso, se distanciar das esgotadas tradições do rock moderno.

Tematicamente, também, o álbum seria muito viciante: a cabeça de Matt estava cheia de teorias científicas tiradas de livros como ‘The 12th Planet’, de Zecharia Sitchin, que alega que a humanidade evoluiu de clones meio alienígenas, e ‘Hyperspace’, de Michio Kaku, cuja ideia de natureza de 10 dimensões inspirou o nome do álbum – a ideia de que se você encontrasse a origem da perfeição matemática do universo, você acharia Deus.

As teorias de Matt sobre humanos/evolução tecnológica e suas alucinações interplanetárias deram origem a New Born e Micro Cuts, respectivamente, adicionando uma atmosfera futurística ao álbum. O resultado de tudo isso é um álbum selvagem, bombástico, irrefreável, louco, inteligente e recheado de ideias.

Depois de gravar as primeiras cinco faixas na Ridge Farm, a banda descobriu que o campo ao lado de estúdio estava cheio de cogumelos “mágicos”.

“Nós tivemos que remixar tudo, porque estávamos sempre na jacuzzi comendo cogumelos”, Matt contou à NME, convencido de que os cogumelos estavam se transformando em uma gororoba na sua mão.

Quando eles trocaram o produtor por John Leckie, em Janeiro de 2001, as sessões ficaram ainda mais estranhas. Eles começaram a gravar as faixas mais malucas do álbum usando elementos latinos, funk, ópera e metal, tocando percussão em plástico bolha, garras de lhama e ossos de animais em Screenager e o zíper de Matt abrindo em Space Dementia. Para gravar Megalomania, eles até saíram à procura de um órgão de igreja e deram ao padre uma folha com a letra falsa da música quando ele pediu para checar se aquela não era uma banda do tipo que queima igrejas.

“Frequentemente nós nos enveredamos por caminhos vergonhosos”, disse Matt, “mas talvez estejamos só tentando revelar o que está dentro de nós”.

O Origin finalizado foi certamente um disco de extremos, sendo a primeira metade uma cascata de pop metal grudento e a segunda, uma exploração dos limites da criatividade do Muse, que acabou os colocando no caminho da inflexível personalidade única e da expansão sônica que, eventualmente, os levou ao Wembley.

O público fiel sentiu-se unido através da maníaca estranheza e genialidade atordoante da banda. E com seus temas tecnológicos no comando, Origin of Symmetry brilhou como um dos primeiros álbuns cultuados pela internet. Obsessões ganharam vida em fanpages, screenagers (adolescentes que cresceram com televisão e computadores e, por isso, são grandes conhecedores do mundo virtual) se uniram – o exército do Muse havia nascido e por muito tempo viverá.

 

Aguardem a #3 parte dessa matéria especial em breve!

Comments: 8

  • dannyy

    10 de setembro de 2011
    reply

    Primeiro eu vou ali um minutinho ler a parte I. rs

  • sales

    10 de setembro de 2011
    reply

    Muito bom, ansioso pela continuação

  • dannyy

    10 de setembro de 2011
    reply

    Bããããão!!!
    ps: Pop metal grudento é o baralho amigo!

  • beatrizbuenno

    11 de setembro de 2011
    reply

    cheeeeeeeega logo a parte 3 *-*

  • andrew pedrosa

    13 de setembro de 2011
    reply

    Muito bom!

  • Leonardo

    17 de setembro de 2011
    reply

    Muse I love forever!

  • Izaa.

    18 de setembro de 2011
    reply

    Amo essas loucuras do Muse

  • Alexandre

    4 de janeiro de 2012
    reply

    “a banda descobriu que o campo ao lado de estúdio estava cheio de cogumelos “mágicos” agora já sei qual foi o combustível da banda para compor o cd 😛

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