Tudo sobre a banda britânica Muse formada por Matt Bellamy, Dom Howard e Chris Wolstenholme.

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ENTREVISTA COMPLETA DO MUSE NA ALT 98.7

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Fizemos a tradução da entrevista completa, dada por Matt e Dom em Los Angeles essa semana! Eles falaram um pouco de tudo. Drones, Coachella e a volta as origens.

 

ALT 98.7: Estamos aqui nos estúdios da Alt 98.7 com dois convidados muito especiais, Matt e Dom, da banda Muse. Caras, obrigado por estarem aqui.

Matt: Obrigado por nos receber, como você está?

 

ALT 98.7: Estou ótimo! Estamos na expectativa de Drones, seu novo álbum, que sairá dia 09 de junho. Esse disco tem uma história complicada. (Risos do Matt) Eu estava pensando se tem algum jeito simples de explicar, para que nós leigos possamos entender o que você estavam tentando dizer.

Matt: Basicamente, eu estava interessado no que os Drones representam, você sabe, de um ponto de vista tecnológico. Essas máquinas estão ganhando popularidade, e nós crescemos assistindo filmes como “O Exterminador do Futuro 2”, você via essas coisas acontecendo no futuro. E agora estão se tornando realidade. Eu pensei que seria um tema interessante para se falar: o que isso significa para os humanos? Qual será o envolvimento humano quando as emoções forem excluídas da equação, na guerra, por exemplo. Achei que seria um tema interessante para abordar. Mas você não tem que saber de tudo isso pra apreciar o álbum. Tem um monte de riffs legais também.

 

ALT 98.7: Ah, com certeza. Esse álbum será o que podemos chamar de conceitual?

Matt: Sim, eu diria que sim, mas não no sentido dos discos do Pink Floyd. Todas as músicas são independentes umas das outras, mas também estão ligadas por uma ideia comum, o conceito de drones.

 

ALT 98.7: Certo. Este é um assunto tão vasto… Existem músicas adicionais que não se encaixam no álbum ou ele será uma história completa?

Matt: É uma narrativa um pouco vaga, que tem um protagonista, a narrativa conta o caminho que ele faz. Primeiro, ele perde tudo, em seguida, passa por uma lavagem cerebral no exército e se torna uma pessoa que sente que perdeu sua alma, mas depois ele se reencontra e começa a lutar contra o sistema que o oprimiu. Esse caminho é mostrado nas primeiras oito músicas do álbum, e o final do álbum é como se fosse um epílogo. Isso responde a sua pergunta?

 

ALT 98.7: (rindo) Mais ou menos… eu pedi uma explicação mais simples, e você me vem com essas coisas super complicadas!

Matt: Bem, imagine uma pessoa normal indo para a guerra e depois sentindo que não sabe porque está lá e pelo que está lutando, e então se voltando contra as próprias pessoas que a mandaram para lá. É isso, basicamente.

 

ALT 98.7: Você chamaria esse disco de pessimista?

Matt: Não! Eu diria que o início do álbum é bem sombrio, quando o protagonista se sente compelido a fazer coisas que ele não quer. Mas depois o álbum tem um momento muito positivo, na música JFK. Nós usamos um trecho de um dos discursos do Kennedy, muito inspirador, em que ele se refere ao poder humano, o poder do espírito e a busca pela liberdade. Após essa música, o álbum se torna muito otimista. A ideia básica é que mesmo sendo apenas um indivíduo, uma pessoa livre, você pode derrubar sistemas imensos e complexos, essa é basicamente a ideia do álbum.

 

ALT 98.7: E suas experiências pessoais são refletidas nesse álbum? Tem alguma coisa do sentimento, ou da vida pessoal de vocês nas letras ou tudo gira em torno dessa narrativa que você explicou?

Matt: Eu acho que todas as minhas experiências de alguma maneira se refletem na letra e na música, principalmente na letra. É difícil identificar exatamente o que influenciou uma determinada canção, ou o que me faz sentir certas coisas de uma maneira tão forte: a minha infância, de onde eu vim, o que aconteceu na minha vida familiar, o tempo na escola, crescer no mundo em que vivemos, você sabe, e tudo o que acontece neste mundo, as guerras travadas na última década… Eu acho que expresso como uma pessoa se sente neste mundo. Então em geral, a minha resposta é: sim. É quase que totalmente pessoal, tudo o que eu canto passa através do prisma da minha visão do mundo. Eu não sou muito bom em explicar essas coisas.

 

ALT 97.8: Você é muito bom nisso! Sério, é super interessante! É sempre legal falar com uma banda que tem músicas com temas que se aventuram pela política e experiências pessoais como vocês, e que não escrevem só músicas sobre mulher. (Risos do Matt e do Dom) Isso é muito bom, não escrever só sobre esse assunto. Matt, a paternidade te influenciou de alguma forma durante o processo de composição?

Matt: Me fez pensar ainda mais em que tipo de mundo nossos filhos vão crescer e viver. Eu acho que te deixa mais focado nessas coisas.

 

ALT 98.7: Isso faz muito sentido, mas vamos falar sobre a produção do álbum. Por que vocês escolheram a linda e maravilhosa Vancouver para as gravações?

Dom: Tem um estúdio ótimo lá, chamado Warehouse Studios. Gravamos parte de uma música lá, para aqueles filmes do Crepúsculo, Neutron Star Collision (ela não entrou em nenhum álbum). É um estúdio muito bom, com uma acústica ótima, nosso produtor Mutt Lange conhecia bem o equipamento e o espaço lá, então foi por isso que escolhemos esse lugar, pareceu uma boa ideia. E ele queria muito trabalhar lá, por isso também.

 

ALT 98.7: Eu queria perguntar sobre o trabalho com Mutt Lange. Vocês mesmos produziram os dois últimos álbuns de forma independente, por que agora pensaram em chamar um produtor externo para trabalhar com vocês?

Dom: Bom, produzimos os dois últimos álbuns sozinhos, e foi ótimo, nós aprendemos muito, tomando as rédeas desse processo. Porque fizemos assim dessa vez? Ah, pra fazer algo diferente! Poderíamos ter produzido esse álbum sozinhos também, mas pensamos: ‘Por que não abrir uma possibilidade de ter uma opinião objetiva sobre o que estamos fazendo?’ E foi ótimo, ele trouxe coisas muito boas para o álbum, quando estávamos começando a compor e gravar as músicas, as ideias e sugestões sobre nosso trabalho foram muito valorizadas e nós as incorporamos.

 

ALT 98.7: Não precisamos falar sobre nada muito específico, mas tem algum tema ou clima no álbum que ele trouxe, e que não estaria lá se ele não tivesse produzido o álbum?

Matt: Ele não participou tanto da escolha do conceito do álbum, mas ele me ajudou a ser mais focado no conceito que eu escolhi. Ele sentia algumas coisas que estavam ali, e dizia: ‘Tente ser mais específico aqui. Seja mais direto no que você está tentando dizer.’ É o que todos me dizem, ‘Seja mais claro’, porque eu tendo a ficar perdido nos meus pensamentos, no processo criativo. Então ele me ajudou bastante a ser mais claro, e a ordenar as faixas de modo a enriquecer a narrativa do álbum. Mas o foco dele foi mais a nossa performance enquanto músicos, o som, acertar os arranjos para as músicas soarem ‘legais’.

 

ALT 98.7: Antes de ir para o estúdio vocês deram entrevistas sobre como o álbum talvez poderia ser, e em uma dessas entrevistas vocês falaram que se afastariam dos arranjos com orquestra, que fizeram nos últimos álbuns. Vocês diriam que conseguiram fazer isso, voltar a ser uma banda de guitarra, bateria e baixo?

Matt: Sim, em geral o álbum tem muita guitarra pesada, soa bastante como uma banda de três músicos, guitarra, baixo e bateria. Tem uma música no fim que saiu um pouco do planejado (risos).

 

ALT 98.7: Então vocês quase conseguiram!

Matt: Sim, quase conseguimos. Mas eu acho que no geral, esse álbum é provavelmente o mais pesado dos três últimos que fizemos.

Dom: Sim, na essência esse álbum foi estruturado com bateria, baixo e guitarra, só, nós três tocando e compondo juntos, mesmo. Tem muito mais guitarra, praticamente todas as músicas tem algum riff (risos do Dom).

 

ALT 98.7: Uma grande parte da experiência do Muse são os shows ao vivo, vocês fazem sempre uma produção gigantesca. Enquanto vocês compõem as músicas, vocês já estao pensando no que querem fazer com elas ao vivo, como querem tocá-las nos shows?

Matt: Com certeza. Obviamente esse foi mais um motivo para escolhermos os drones como tema, porque gostamos de usar tecnologias modernas nos nossos shows sempre que possível. Usamos as telas mais modernas, luzes, lasers, o que for a tecnologia de ponta do momento. Claro que seria muito interessante trazer drones para os shows ao vivo, então vamos tentar fazer isso. Vai ser um pouco difícil lidar com a burocracia em torno da segurança que precisamos garantir enquanto voamos com eles sobre as pessoas na plateia (risos). Mas a ideia é usar objetos voadores sobre a platéia quando a turnê começar.

 

ALT 98.7: Vocês já tocaram algumas das músicas novas nos shows pequenos que fizeram na Inglaterra. Para uma banda que gosta de grandes produções, como foi tocar de novo em lugares pequenos?

Dom: Foi ótimo, foi divertido. Fizemos um show no Shepherd’s Bush Empire alguns anos atrás, num lugar para 2000, 1500 pessoas, e não tocávamos lá há muito tempo, e foi TÃO LEGAL. A energia do show em um lugar pequeno assim é muito diferente, onde dá pra ver as pessoas na plateia de verdade. Sem a produção grande, tudo depende de nós e da música que estamos tocando. Nós gostamos tanto que pensamos em fazer isso mais vezes no futuro. Foi por isso que planejamos essa turnê assim. Foi uma turnê muito, muito boa. O pessoal curtiu demais, ficaram malucos!

 

ALT 98.7: Posso imaginar!

Dom: E tocamos umas duas ou três músicas do álbum novo… Psycho foi muito bem recebida, todo mundo cantando o riff, pulando pra cima e pra baixo! Nós nos divertimos muito, tenho certeza que vamos fazer mais shows assim no futuro.

 

ALT 98.7: Essa seria minha próxima pergunta, vocês tem planos de fazer shows pequenos assim aqui nos EUA? Eu sei que os fãs daqui ficariam loucos com isso!

Matt: Talvez façamos um em Los Angeles, ainda não sei quando, talvez antes mesmo dos festivais de verão na Europa. Não temos planos de fazer uma turnê toda assim, mas em algum momento, eu adoraria fazer isso, claro.

 

ALT 98.7: Os setlists desse shows tinha muitas raridades e b-sides, coisas que vocês não tocavam há anos, isso é uma indicação do que virá por aí na turnê de Drones?

Matt: Foi muito bom tocar algumas dessas músicas bem antigas, alguns dos nossos fãs mais dedicados estão pedindo isso há muito tempo, e então nós achamos que nesses shows em lugares pequenos nós podíamos tentar tocá-las. Tocamos umas 10 músicas que não apareciam no set há uns dez anos, são músicas muito boas, que devemos incorporar no set, então a resposta é sim. Não todas, mas algumas nós vamos começar a tocar mais vezes.

 

ALT 98.7: Foi bom você mencionar os fãs mais dedicados, porque eles são muitos, e estão no Message Board do site oficial de vocês, com todos os tipos de fórum, no Twitter também… vocês em algum momento monitoram essas redes, para ver o que os fãs estão comentando, e que músicas eles querem que vocês toquem?

Matt: Às vezes, sim. Quando fazemos alguma coisa nova, nós vamos lá ver o que as pessoas estão dizendo, e obviamente em redes como o Twitter você consegue ver as pessoas discutindo setlists e coisas do tipo. E como você disse, a coisa da setlist… As setlists que tocamos nos shows da Inglaterra foram baseadas em alguns dos comentários que estávamos lendo online sobre as músicas que as pessoas queriam ouvir.

 

ALT 98.7: Então qual é a agenda agora que estamos chegando perto do dia 09/06, e os planos para depois que o álbum for lançado?

Dom: O que faremos? Muito disso aqui (risos). Nós vamos nos preparar para a turnê, na verdade. A turnê realmente começa no verão da Europa, durante os festivais, o que será incrível. Então só vamos nos preparar pra isso ensaiando e animados para tocar as músicas novas. Nós temos alguns ensaios daqui algumas semanas e nós precisamos dar uma passada por todo o álbum mas, para ser sincero, acho que podemos tocar todas as músicas do álbum. Então será difícil não tocar cada faixa do novo álbum ao vivo. É algo que vamos querer por ser novo e animador e, tipo, nós sabemos realmente tocá-las (risos).

 

ALT 98.7: Claro! Alguma história boa do Mutt Lange?

Matt: Bom, o que posso dizer… Ele é um “mestre de escravos”, talvez seja esse o termo? (risos) Eu não sei. Ele nos forçou além do limite, eu nunca havia visto algo assim. O perfeccionismo dele chega ao ponto no qual precisa ser freiado um pouco, sabe? Ele nos fez tocar algumas músicas umas trinta e cinco vezes e depois de umas vinte você já não aguenta mais, sabe? Você está exausto. E ele continua forçando e forçando e forçando… Ele é uma pessoa bastante interessante. Eu diria que ele está diretamente em cima da fronteira entre gênio e louco.

 

ALT 98.7: Deve ter havido um momento no qual você pensou “Cara, eu sou Matt Bellamy. Eu estou no Muse. Eu sei o que estou fazendo!” (risos)

Matt: Eu tentei isso uma vez. E ele estava certo! (risos)

 

ALT 98.7: Parece que vocês terminaram recentemente de gravar o vídeo de Dead Inside e pelo o que eu pude perceber era tudo muito “Mad Max”, tinha muita poeira. Você pode nos falar do conceito?

Matt: É um conceito bem simples. Nós encontramos esses dois dançarinos fantásticos, um deles venceu uma das temporadas de “So You Think You Can Dance?” e a parceira dele ficou em segundo ou terceiro lugar, e eles estão dançando um estilo chamado “lyrical hip-hop”, que eu gosto muito. É uma mistura entre dança contemporânea e hip-hop. Tem os elementos emocionais da contemporânea mas também tem elementos do hip-hop. E eles basicamente atuam a narrativa da música e nós tocamos um pouco.

 

ALT 98.7: (risos) Sim, é bem simples. Vocês foram ao Coachella?

Matt: Sim!

 

ALT 98.7: E como foi?

Matt: Ah, foi incrível. Foi bastante divertido, fazia muito tempo que não ia a um festival só como um fã, só para assistir, sabe? Tocamos tantos festivais que esquecemos como é só ficar lá com o público curtindo. Fiquei impressionado com o AC/DC, Jack White foi sensacional também.

 

ALT 98.7: Mais alguém se destacou? Acho que receber um elogio ao seu show vindo do Muse é o maior elogio que se pode receber, então diga-nos se você viu mais alguém!

Dom: Nós vimos um pouco do Tame Impala, que é incrível. Sou muito fã daquela banda. Vimos NERO…

Matt: Alt-J!

Dom: Alt-J é realmente muito bom, primeira vez que os vimos. O AC/DC… Mas o Jack White realmente me impressionou absurdamente. Eu o vi algumas vezes em suas várias bandas e eu sempre ficava abismado com suas habilidades na guitarra.

 

ALT 98.7: Vocês concordam com ele sobre querer que a plateia guarde os celulares e aproveitem o show sem o aspecto digital da coisa?

Matt: Eu me interesso pela ideia, é uma das coisas sobre o álbum, sabe? A humanidade deve ser vista como superior à tecnologia. Estamos atingindo uma era na qual as pessoas não estão pensando desse jeito. Então sim, eu definitivamente apoio esse jeito de pensar. Mas ao mesmo tempo eu não sou o tipo de pessoa que diria aos outros o que eles têm de fazer, sabe? Eu não vou começar a dizer ao público como eles devem se divertir… Eles fazem o que quiserem fazer. Mas, ao mesmo tempo, eu imagino que seria um pouco mais legal se as pessoas se engajassem sem filmar. Mas eu acho que eles filmam porque eles querem se lembrar, mostrar pros amigos, compartilhar… Muito disso é sobre compartilhar.

 

ALT 98.7: Claro. Tem alguma coisa sobre o álbum que eu não perguntei e que eu não teria como saber mas que deveríamos falar sobre?

Matt: Não sei! Você cobriu tudo, foi uma boa gama de perguntas (risos). Você fez toda sua pesquisa.

 

ALT 98.7: (risos) Muito obrigado! Não poderia estar mais animado, um novo álbum do Muse é um evento. Uma turnê do Muse também é um evento. Obrigado por estarem aqui!

Matt & Dom: Claro! Obrigado!

 

ALT 98.7: Drones, o novo álbum, será lançado no dia 09/06!

 

Fonte: Alt 98.7 FM

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A equipe mais animada, doida, faladeira e confusa que um fã clube de Muse poderia ter. Nós amamos Muse de todo o coração assim como (a maioria) dos seus fãs. A dedicação é de coração.

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