Tudo sobre a banda britânica Muse formada por Matt Bellamy, Dom Howard e Chris Wolstenholme.

Instagram Facebook Twitter

[TRADUÇÃO] SEGUNDO MARK BEAUMONT, DRONES MERECE A NOTA:

Nota

Matt Bellamy foca seu olhar atento no uso bélico de drones em um álbum conceitual que passeia pelo pop, glam rock e Elgar

 

 

 

 

 

No limite da estratosfera do rock, trazendo uma carga de riffs capaz de derrubar bairros inteiros, Muse deriva ainda mais longe, fora do radar. Aqui na Terra, o palco está montado para a revolta que eles previram anos atrás em ‘The Resistance’ de 2009 – manifestações já estão se organizando no Reino Unido para protestar contra mais cinco anos de governo conservador. Mas, dessa vez, os olhos de Matt Bellamy estão voltados para o céu, fixados em sua próxima obsessão: a guerra dos drones.

O novo fascínio de Matt, agora com 36 anos, pelos soldados de bastidores que “matam por controle remoto” pode marcar um afastamento frustrante de questões imediatas, tangíveis, mas quando se leva em conta a própria história do Muse, esse era um passo inevitável. Depois de ‘The Resistance’, e ‘The 2nd Law’, de 2012, que debateram o controle globalizado e o esgotamento dos recursos naturais, um álbum completamente conceitual do Muse era tão previsível quanto a rejeição de Kanye West no line-up de Glastonbury. ‘Drones’, sétimo álbum de estúdio do trio, segue a história de um soldado, treinado para ser uma máquina de matar sem cérebro, tornando-se desiludido com a brutalidade cega da batalha, para em seguida rebelar-se e assumir ele mesmo o poder.

As duas faixas de pré-lançamento, como de costume, eram pistas falsas. ‘Dead Inside’, considerada por alguns como um ataque à ex de Bellamy, Kate Hudson, com seus gritos trêmulos de “Você não tem alma? / É como se tivesse morrido há muito tempo”, lembrou o eletro-pop de ‘Madness’ e ‘Panic Station’. ‘Psycho’, em que o nosso herói é treinado para se tornar “um super drone” por um sargento aos berros, soa como uma imitação de batidas glam rock como ‘Elephant’ do Tame Impala, ‘Money’ do Pink Floyd, e até mesmo a própria ‘Uprising’ do Muse. Mas a partir daí, Drones muda bruscamente de direção, como se seu sistema de navegação tivesse falhado de repente. ‘Mercy’ é um eletro-rock contagiante sobre os “homens de capuz” e “manipuladores” nos controles do mundo, enquanto ‘Reapers’ tem Bellamy se entregando ao seu lado metaleiro, acompanhado por backing vocals andróides.

Depois que o nosso protagonista atingiu o auge da sua transformação em um drone em ‘The Handler’“Eu fui programado para obedecer … Eu vou executar suas demandas”, ele anuncia sobre os mesmos power chords de “Radio Ga Ga” – e começa a resistir e lutar, ‘Drones’, da mesma forma, atinge a forma mais perfeita do Muse. Envolta em uma amostra de um discurso de JFK, condenando táticas sombrias da guerra fria, ‘Defector’ é um pop envolvente e brilhante, enquanto ‘Revolt’, está entre suas canções mais criativas, uma tempestade de duas velocidades construída sobre riffs monumentais.

 

 

 

 

 

 

 

 

A ausência de uma sinfonia com arranjos orquestrais como aquelas em ‘The Resistance’ e ‘The 2nd Law’, faz de ‘Drones’ o álbum mais focado do Muse desde ‘Black Holes and Revelations’ de 2006, mas a estranheza (obviamente) persiste. ‘Aftermath’ é uma canção pós-guerra pra se cantar junto, no estilo da versão de “Sailing” de Rod Stewart (originalmente gravada por The Sutherland Brothers), e sim, de Dire Straits em ‘Brothers in Arms’. ‘The Globalist’, em que o nosso herói funda seu próprio estado nuclear e destrói o planeta, é um épico de 10 minutos, com trechos de metal fúnebre de Ennio Morricone e “Enigma Variations: Nimrod”, de Edward Elgar, compositor do século 19. A faixa-título é um coral baseado no hino “Sanctus e Benedictus”, do século 16, caracterizando um coro de ‘Matts’ entoando “Minha mãe, meu pai, minha irmã e meu irmão, meu filho e minha filha, mortos por drones”.

 

 

 

 

Lavagem cerebral, superpotências belicistas, a supressão da Verdade e a necessidade urgente de combater a mão que nos faz sangrar. Esses temas já viraram marca registrada do Muse, e ainda fazem sentido em 2015, ainda que indiretamente. É o trabalho de Bellamy destrinchar dimensões mais profundas, sócio-políticas, assim como comentar sobre os tempos atuais. E a música do Muse, mais uma vez, fica à altura de sua curiosidade aventureira.

Written By

Drone trilingue de inglês, francês e espanhol, raptado de outro dono e caçador de notícias nível expert. Programado para ser extremamente educado e gentil.

Comments: 4

  • Manoel Vilela

    8 de junho de 2015
    reply

    Sei que a crítica é assim mesmo, mas acredito pessoalmente que eles mereciam mais! Dar tal nota assim a eles é presunção musical de como eles tivessem entendido tudo que está por trás das músicas do Matt. Eu acho que tem coisa que o Matt faz que nem mesmo ele entende. As músicas deles, certas vezes, parece muitoooo pessoal e impulsiva, como se ele as fizesse na tentativa de se entender ao se expressar.

  • Mirna Kapazi

    8 de junho de 2015
    reply

    Curti a traduçao, parabens! Quanto a critica: paga um pau do caralho pra dar 7? Fuck logic. Mas either way, minha nota pessoal é 9 e a minha opiniao é mais importante que a dele.
    Bom trabalho, equipe MuseBR!

  • Guilherme Soares

    8 de junho de 2015
    reply

    O álbum é bom , mantem o nivel do começo ao fim , mas eu sinto falta de uma música marcante que não possa faltar em shows , o muse anda devendo isso nos últimos álbuns .

  • Brenda Carvalho

    8 de junho de 2015
    reply

    Não entendi a incoerência de nota x texto… Mas ok! Gostei da forma como destrinchou o álbum pra mim, mas concordo com o senhor Manoel aí… Ele não pode saber tudo o que o Matt disse/quis dizer. Se uma coisa que aprendi, antes de correr da faculdade de Letras, é que não devemos afirmar o que o autor pensa. O álbum, em minha nada humilde opinião, é majestoso. Não esperava coisa diferente deles. Matt é uma voz de consciência para todos nós… Please, linsten!

Leave a Comment