Tudo sobre a banda britânica Muse formada por Matt Bellamy, Dom Howard e Chris Wolstenholme.

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[TRADUÇÃO] MATT BELLAMY PARA A THE RED BULLETIN

“NINGUÉM NOS DIZ O QUE FAZER”

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ELES SÃO UMA DAS BANDAS MAIS BEM SUCEDIDAS GRAÇAS AO PODER DAS BANANAS E POR DIZEREM A MADONNA PARA ONDE IR!

 

 

Eles venderam mais de 17 milhões de álbuns, venceram um Grammy e tocam em imensas turnês com ingressos esgotados. Muse tem sido superstars e favoritos dos críticos desde 1999. O líder, vocalista e guitarrista Matthew Bellamy, um terço da banda britânica, explica o porquê deles não se contentarem com o segundo lugar quando se trata de instrumentos e contratos de gravação.

 

Entrevistador: Como é ser visto como o Jimi Hendrix de sua geração?
Matt Bellamy: Claro que elogios como esse são sempre bons, mas são completamente sem sentido.

E: Mas eles não são infundados. Você revolucionou a guitarra assim como Hendrix fez em 1960.
Matt: Eu toco guitarra desde os meus 11 anos. Quanto melhor eu ficava, mais eu achava que o instrumento era limitado, não me admira que as pessoas criativas de hoje façam música em computadores. Por isso eu fiz uma guitarra para o século XXI.

E: Do que a sua guitarra é capaz?
Matt: Ela tem uma tela touch acoplada que se conecta diretamente a um computador, o que proporciona ao guitarrista uma sensação totalmente nova. Espero que seja uma forma de atrair as crianças mais interessadas em tecnologia para o instrumento.

E: Sua guitarra é vendida por 4000 libras, o que um jovem guitarrista que não pode arcar com esse valor deveria fazer?
Matt: Ele deveria fazer o mesmo que eu: procurar um luthier e projetar sua própria guitarra; a internet está cheia de sugestões e instruções. É um princípio básico: se você não está satisfeito com o que a vida oferece, modifique-a de acordo com o seu desejo, e não deixe que ninguém te diga o que fazer.

E: Você pode nos dar um exemplo da sua carreira [sobre não aceitar que te digam o que fazer]?
Matt: Em 1999 Madonna queria lançar nosso primeiro álbum, Showbiz, nos EUA sob seu próprio selo, mas com uma condição: ela queria que nós regravássemos nossas músicas para deixá-las mais apelativas ao grande público. Nós a mandamos para aquele lugar e o negócio acabou, mas se aquilo não tivesse acontecido, não estaríamos onde estamos hoje.

E: Hoje vocês tocam para 100000 pessoas, como você se prepara para esses grandes shows?
Matt: Eu como bananas antes de cada show, peguei esse ritual ao ver Boris Becker jogando tênis quando eu era criança. Na época em que ele ganhou o Wimbledon, estava sempre comendo bananas entre os games, e eu pensei “devem ser as armas secretas”.

E: Será possível que as bananas te deem tanta energia? Você está no Guinness Book como o guitarrista que mais quebrou guitarras em uma única turnê: 140.
Matt: Eu acho que esse número é um exagero, mas com certeza eu estava estressado na turnê de 2004. Nos sobrecarregamos com muitos shows e sofremos com diversos problemas técnicos, foi um pesadelo. Por isso que de vez em quando quebrava guitarras ao fim dos shows, mas não acho que tenham sido 140, foram no máximo 40.

E: Como você alivia o estresse na sua vida pessoal? Dirigindo carros esportivos em alta velocidade?
Matt: Isso não poderia estar mais distante da realidade. Alguns anos atrás, minha ex (a atriz Kate Hudson) me fez entrar em uma aula de direção agressiva.

E: Existe um curso para isso?
Matt: Não agressiva no sentido de ser uma ameaça, eles me ensinaram a dirigir de forma rápida e suave. Eu sou do tipo que senta e relaxa quando estou atrás do volante, não era rápido o suficiente para ela.

E: Está mais rápido agora?
Matt: Na verdade não. Uma vez participei de uma corrida contra nosso baterista, achei que tinha terminado em um tempo razoável, mas ele foi 5 segundos mais rápido, talvez bateristas sejam melhores motoristas que guitarristas.

E: Como sua paixão por tecnologia combina com seu amor por carros antigos, como o seu Ford Thunderbird 1962?
Matt: Eu amo esse carro justamente por ser fora de moda. Dirigi-lo é como estar ao leme de um barco à vela lento e desengonçado, que se adequa perfeitamente ao meu lar adotivo, a Califórnia.

E: Você já não teve um Tesla esportivo, um carro totalmente elétrico?
Matt: Tive, mas eu o vendi, assim como a maior parte dos meus carros, chegou a um ponto que eu tinha carros demais. Ainda tenho um Mustang 1966, o Thunderbird 1962 e uma Mercedes. Ah, e também tenho um Mini na Inglaterra, apenas porque o trânsito de Londres é tão ruim que não consigo dirigir outro veículo.

E: O novo álbum do Muse, Drones, também fala sobre tecnologia. Suas letras abordam uma teoria interessante, de que somos drones controlados por outros drones.
Matt: De fato, pode-se entender dessa forma. Controle sempre foi uma questão importante para mim, porém não consigo dizer o porquê. Talvez seja porque meus pais se separaram na minha adolescência, nesse período minha vida ficou fora de controle e eu não podia fazer nada sobre isso. A sensação de segurança do lar foi tirada de mim, o que foi a razão de ter montado uma banda, para achar uma saída e me tornar dono de meu próprio destino. Estava pensando nisso quando fiz esse álbum.

E: Então o álbum fala sobre empoderamento?
Matt: É um apelo por mais individualidade, por um pensamento mais liberal e por mais empatia, mesmo quando se trata de tecnologia. Nós temos que aceitar as falhas do pensamento humano para o nosso próprio bem, pois se nos concentrarmos totalmente na tecnologia, vamos perder nossa humanidade. Nesse álbum expressei minhas dúvidas sobre se o progresso tecnológico está nos levando para o caminho certo.

E: É uma afirmação interessante…
Matt: Eu acho que hoje muitas pessoas olham para o século XX e o observam sob outra perspectiva. Na época as pessoas achavam que a tecnologia nos fazia avançar, o que de fato aconteceu em termos de eficiência e produtividade, mas ao mesmo tempo fez com que várias pessoas se tornassem desnecessárias, pois elas não conseguiam acompanhar a velocidade da mudança e se tornaram redundantes. Esse foi um resultado direto da priorização da eficiência acima de tudo.

E: Você quer dizer que aceitar a tecnologia irrestritamente só nos prejudica?
Matt: Sim! Para mim os drones são o ponto máximo, o ponto em que temos que dizer “decisões de vida ou morte, que são as operações dos drones, não deveriam ser feitas por um computador.”

E: Sinceridade, você já testou os mini drones baratos que são vendidos hoje em dia?
Matt: Eu não testei os mini drones que foram lançados recentemente, mas já testei um grande, um quadcopter. Na verdade eu o uso bastante, é possível gravar bons vídeos caseiros com ele.

E: Então é isso que você faz quando está em casa, em Malibu, quando não está escrevendo músicas novas!
Matt: Entre outras coisas, sim. Quando não estou cuidando do meu filho, estou fazendo pesquisas com o meu quadcopter, eu o uso com objetivos investigativos -ele ri- mas não se preocupe, esse tipo de drone não se parece em nada com os que são usados para fins militares.

E: Então você entende sobre o que está cantando?
Matt: Claro que o investiguei [o drone]. Isso é óbvio, não? -ele ri- É estranho como, de repente, a tecnologia parece estar em todo lugar, é como se surgisse do nada.

E: Essa tecnologia também estará presente em suas performances ao vivo?
Matt: Nós tentaremos incluir drones nos nossos shows, mas existem restrições e regulamentações que variam de país para país, e nós temos que respeitá-las, precisamos ver até onde podemos ir. Porque é claro que surgem preocupações quando há algo voando sobre a cabeça do público. Não seria possível fazer isso no Wembley, por exemplo, pois existem leis muito rígidas na Inglaterra.

E: Você acha que é possível superar a última turnê do Muse com robôs e bolas gigantes?
Matt: Essa é uma questão. Outra questão é se queremos um show mega elaborado, ou se queremos algo menos extravagante dessa vez. Teremos menos efeitos visuais e focaremos mais na música, mas ainda usaremos alguns objetos voadores. Então será menos vídeo, mais música e mais coisas acontecendo sobre a cabeça da plateia, será divertido!

Comments: 4

  • Michael Sullivan

    29 de julho de 2015
    reply

    Sensasional

  • Gisele Oliveira

    30 de julho de 2015
    reply

    Boa entrevista! Essa história das bananas sempre me faz rir rs. No mais, sempre tive a impressão que o Bellamy era do tipo que não se deixa dominar, mas daquele tipo rabugento e cabeça dura que não aceita controle, sabe. Isso pode ser uma virtude ou um defeito.

  • Cintia Santos

    31 de julho de 2015
    reply

    Muito bom!

  • Lotus Flower

    31 de julho de 2015
    reply

    Isso ae Mattew, se superar sempre <3 o/

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