Tudo sobre a banda britânica Muse formada por Matt Bellamy, Dom Howard e Chris Wolstenholme.

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[ENTREVISTA] MATT BELLAMY PARA A Q MAGAZINE!

Após ganhar o prêmio de ‘Melhor Banda Do Mundo Hoje’, Matt Bellamy concedeu uma entrevista para a revista Q Magazine, onde fala sobre o ano de 2016 para o Muse, para sua família e amigos. Confira aqui!

 

O 2016 DO MUSE

 

Todas as noites, na conquistadora turnê Drones do Muse, Matt Bellamy espera no elevador que o leva ao palco e se pergunta se ele vai conseguir. Naqueles 30 segundos, as dúvidas passam pela mente do líder da banda:

 

“Eu não sei se sou merecedor disso”, ele pensa, “Eu não sei se consigo fazer o que as pessoas querem que eu faça”. Então o elevador sobe, o holofote brilha sobre ele e, o líder da banda, começa com toda a força o esmagador riff que inicia seu set em todos os shows. “Literalmente, no espaço de poucos segundos, enquanto o elevador sobe, você passa da dúvida para ‘Eu sou o rei do mundo!’”, ele diz.

 

O cantor se encontra em algum lugar da Roundhouse minutos depois da banda ter recebido o seu Q Award de ‘Melhor Banda do Mundo Hoje’ e está refletindo sobre o ano mais bem-sucedido do trio.

Sua turnê que quebrou recordes, redefiniu o que uma banda pode fazer dentro de uma arena (se tiver dinheiro) com seu palco giratório de 360° e uma série de adereços pilotados por drones. No centro de tudo estava Bellamy, aproveitando-se do seu papel como o grande mestre da banda mais teatral do rock.

 

“No meu dia a dia, eu sou bem tímido e comum, mas tem algo a mais que aparece quando você é jogado naquilo”, ele diz.

 
Em meio a múltiplas noites em estádios enormes, sendo headliners no Glastonbury e todos os extras de alto nível que acompanham a ‘Melhor Banda do Mundo Hoje’, Bellamy também esteve aperfeiçoando suas habilidades de piloto de drone e conseguiu alguns animados passeios em família. Parece divertido ser ele.

 

TOCANDO CINCO NOITES NA ARENA O2

“Foi maravilhoso. Em uma noite, eu andei no teto da O2 antes do show. Essa é a primeira memória que vem à mente, além dos shows maravilhosos, caminhando lá em cima e a vista incrível de Isle Of Dogs e tudo mais. Foi legal sentar no topo daquele lugar e pensar ‘É, eu vou tocar cinco dias aqui’. Não dá para discutir com isso. Nós tocamos cinco noites em Milão e Paris também, mas a O2 foi o maior, quebramos o recorde de maior público. Nós não conseguiríamos ter tocado muitas noites alguns anos atrás porque você precisa ter muitas músicas no catálogo. Nós tivemos muitas músicas raras que poderíamos ter tocado, mudando duas ou três por noite. Parece brega falar isso, mas a última noite foi provavelmente minha favorita porque foi nessa noite que fizemos uma festa. Todas as noites antes disso, era tocar o show, entrar direto em um carro, ir para casa e ficar olhando para a parede pensando ‘Meu Deus, eu acabei de tocar para 20 mil pessoas. Não faz sentido.’ Eu apenas iria para casa e assistia The Walking Dead. Foi legal porque Londres é sempre o lugar onde vários colegas da escola, que eu não vejo há anos, aparecem e eu posso sair com eles. Tocar cinco noites ameniza isso porque nós podemos espalhar os convidados e encontrá-los em doses menores… ‘Certo, agora são os primos de Yorkshire, amanhã é a família estranha e perdida da Austrália’. Foi legal ter todas essas noites para revê-los, até velhos professores da escola. Várias pessoas diferentes.”

 

INDO ASSISTIR HARRY POTTER E A CRIANÇA AMALDIÇOADA NO QUINTO ANIVERSÁRIO DO BING

“Eu e minha ex [atriz Kate Hudson], conseguimos manter uma boa amizade e nós nos divertimos muito com as crianças e Bing sempre foi um grande fã de Harry Potter. Nós demos os presentes de manhã, eu dei a ele uma rampa de skate para ele colocar na área do quintal e ele adorou, e então nós o levamos para ver Harry Potter e a Criança Amaldiçoada [a peça de teatro que está em exibição no West End em Londres]. Era em duas partes. Tinha um lado um pouco mais pesado, vou ser honesto, é mais voltado para quem tem mais de dez anos de idade, e ele tem cinco. Com certeza têm algumas coisas obscuras lá. Há grandes problemas entre pai e filho naquela peça e a primeira parte terminou com os Dementadores literalmente voando em volta da gente. Bing estava meio “Como assim?!” e eu estava bem assustado também! Nós voltamos para casa, comemos bolo, que era em formato de um skate e pensamos ‘será que ele quer voltar para a segunda parte?’ e ele desceu e disse ‘vamos lá.’ Foi bem incrível, eu recomendo.”

 

LEVANDO MEU PAI PARA O PRIME MINISTER’S QUESTIONS

“Basicamente, nosso empresário Peter Mensch, sua esposa [ex Deputada do Partido Conservador, Louise] trabalhavam lá, então ele conseguiu que entrássemos. Eu estava no Prime Minister’s Questions [uma convenção constitucional no Reino Unido, durante a qual o Primeiro Ministro passa cerca de meia hora respondendo a perguntas dos Deputados] no dia em que Cameron renunciou, o dia que ele não aguentou mais. Foi ótimo no Parlamento, eu sentei com todas aquelas pessoas. Francamente, eu fiquei impressionado. Foi um ótimo dia para meu pai porque ele passou a vida toda assistindo o PMQ. Nós tivemos um belo dia juntos. Você entra lá e tem que passar por uma inspeção de segurança, e então têm esses caras bem velhos com as perucas e tudo. Eles te explicam o que você pode e não pode fazer, você não pode fazer barulho, não pode entrar com seu celular e eles entram com você, mostram onde você vai sentar e dão um cronograma. Eu fiquei tentado a levantar e começar a gritar alguma coisa em algum momento. Quando você está lá, você percebe tudo diferente da TV. Às vezes você ouve algo sobre ‘como eu conheci essa pessoa famosa, um ator ou músico e foi tão normal’, mas não foi assim que aconteceu lá. Quando eu vi todos aqueles rostos e presenciei o que eles estavam debatendo, o nível em que eles estavam operando, eu pensei, ‘Uau, essas são pessoas realmente estranhas’. Olhando aquilo, eu não tive certeza se conseguiria fazer.”

 

UMA VIAGEM NA ISLÂNDIA

“Nós fizemos um show ali e, enquanto estávamos lá, pensamos, ‘Nós bem que poderíamos sair numa viagem’. Nós fomos para dentro da ilha, algumas horas longe de Reykjavík (capital do país), para todas as áreas vulcânicas, onde não há pessoas em volta por quilômetros. Nós subimos montanhas, entramos em cavernas com lava e também, foi uma chance para eu realmente aprender como me tornar um piloto de drone porque não há nenhuma regulamentação lá. Eu podia só colocar os drones e descobrir coisas incríveis. Algumas dessas coisas eu acho que nunca foram filmadas antes, tem uma cachoeira e era no meio do nada. É uma cachoeira temporária que só ocorre quando a geleira derrete em certos momentos do ano. Nós tínhamos grandes veículos off road [para caminhos em estradas distantes], então nós fomos o mais perto possível, eu peguei o drone e comecei a filmar. Eu senti como se fosse David Attenborough. Se tudo isso não funcionar, eu adoraria ser um câmera man de drones. Quando se têm alguns dias de descanso, você consegue explorar. Esse é o ponto de uma turnê, eu acho.”

 

MINHA SEGUNDA VEZ NO FESTIVAL BURNING MAN

“Sabe, quando você vê fotos do Woodstock e o quão louco aquilo parecia, e agora nós vivemos numa era que os festivais não são assim? Bom, Burning Man é assim, mas 10 vezes mais, eu diria. Para qualquer pessoa que quer experimentar algo que é realmente contemporâneo, algo que vai ser olhado daqui a um tempo com o pensamento de ‘Eu não acredito que aquilo aconteceu’, Burning Man está nessa categoria. É simplesmente inacreditável. É uma grande festa a fantasia, todos são legais uns com os outros, é seguro, é o lugar mais seguro que você pode estar. É também o lugar mais selvagem que você pode estar. Meu momento favorito foi quando nós fomos a uma festa vestidos com macacões de pijama, eu era um tigre e nós tínhamos livrinhos nos nossos rabos e nós dançamos. Você não precisa de drogas para ficar louco lá. O que você vê e o que você sente é o suficiente para fazer você pensar ‘Isso é tão diferente de tudo na realidade’. Não é para os fracos, o clima é extremo. É um calor desértico de dia, congelante a noite e há tempestades de areia. Você tem que usar máscaras quase que o tempo todo. É para as pessoas que querem ser selvagens, qualquer um que goste de se fantasiar e essas coisas, é uma chance de ser quem você quer ser. Nós tínhamos uma van e ficamos lá. Essa foi minha segunda vez, na primeira vez eu estava nervoso porque eu não tinha ideia do que esperar. Na segunda eu estava mais relaxado e aproveitei bem mais. Eu estava flutuando naquele lugar e dormindo em lugares aleátórios.”

 

Foi um ano cheio de acontecimentos para o líder do Muse e agora é a hora do seu alter-ego “bem tímido e comum” tomar o controle enquanto a banda aproveita o descanso. Não vai demorar muito para Bellamy ter aquela coceira, porém é o que ele descreve como “uma camada mais profunda de mim” começar a implorar por atenção. Esse é, afinal de contas, o homem que sentou no topo da Arena O2 como se fosse um trono. Matt Bellamy: rei do mundo.

 

Tradução: Marcela Rodrigues

Revisão: Alessandra Souza

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Drone-Mais-Rápido-Que-A-Morte. Vivendo de Muse, Física e internet.

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