Tudo sobre a banda britânica Muse formada por Matt Bellamy, Dom Howard e Chris Wolstenholme.

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[TRADUÇÃO] ENTRE NA REALIDADE SIMULADA COM O NOVO FILME ‘SIMULATION THEORY’ DO MUSE!

Essa é a realidade da banda, e nós somos apenas falhas de uma simulação.

Quanto mais a gente vive 2020, mais a gente torce para que a “Simulation Theory” do Muse não seja uma ficção. A ideia de que a terra é uma simulação de computador extremamente avançada e que somos apenas avatares em um jogo bugado chamado “Maximum Drake” e que esse ano inteiro pode ser resetado de um arquivo salvo de Dezembro de 2019, soa como uma ideia atrativa cada mês que passa. 

Sendo assim, o Simulation Theory não poderia ter chegado em hora melhor. Uma filmagem espetacular de um dos shows da tour, com uma narrativa de filme foi a receita perfeita para fazer com que o álbum seja o mais coerente e consistente feito recentemente. O que começou como um revival de clássicos dos anos 80 como Tron, Citters, Gremlins, Teen Wolf  e os arcades neon do eletropop da época, tornou-se um projeto mais preocupado com estética do que mensagem. – um mundo próprio e profundo com nuances dignas de uma das bandas de rock mais críticas e com ideias de enfrentamento ideológico. Enquanto a história do filme se esforça para conectar as músicas do álbum com os vídeos, o show ao faz um jogo com o público sobre os tenebrosos eventos de 2020. Eles nos leva em uma das narrativas mais criativas e de sucesso desde o ‘The Wall’ do Pink Floyd, talvez tenha até reinventado o filme enquanto eles estavam lá.

Os Musers irão discutir sobre as implicações filosóficas, metafísicas e políticas do filme até que a Matriz faça sentido, mas a premissa é ‘Alien vs Computador’. Um time de cientistas conseguem rastrear a fonte de uma enorme oscilação de energia na deserta Arena O2, onde um arcade toma conta do palco vazio do Muse. Um cientista tenta encostar na máquina, mas sem aviso nenhum, abre uma realidade diferente onde um raio laser e um óculos pixelado estão tocando ‘Pressure’ e ‘Psycho’ para arquibancadas lotadas. Será que o show estava acontecendo em um universo simulado? Ou os cientistas estavam em uma simulação? Ou os dois? Tudo o que sabemos é que uma brecha no código libertou um vírus virtual na realidade do cientista contaminado, em que ele lentamente se torna um monstro mutante chamado de Truth Slayer.

Os fãs que provavelmente já tinham se engasgado com os ninjas em neon e ciborgues gigantes durante o show ao vivo devem começar a sentir que perderam a cabeça. Claro! Essa é a história que origina o zumbi de metal gigante que surge no palco no final do show. Sendo assim, o filme compila vários outros enigmas remanescentes que pairam sobre o álbum e a turnê e, embora dificilmente seja The Usual Suspects em termos de: tudo de repente se encaixando perfeitamente no lugar, todo o conceito começa a se transformar em algo mais elaborado e confuso. O arcade acaba se revelando a estrutura principal de um multiverso de simulações, onde todos os vídeos do álbum fazem sentido. Matt Bellamy é “o escolhido”, o único capaz de quebrar o código e acabar com a simulação. O exército de dançarinos  sem rosto foram enviados pelo controlador de universos para limpar e rebobinar a ‘Terra Simulada’ e todos que nela habitam. E os robôs sexy que aparecem jogando fumaça de gelo seco no público durante ‘Propaganda’ foram enviados para controlarem o vírus.

Em um certo momento, Simulation Theory para de ser uma mera ficção científica que tenta juntar elementos aleatórios da estética do projeto com uma narrativa mais coerente possível, e começa a alcançar você na tela. Enquanto a ‘Thought Contagion’ se espalha, Londres entra em quarentena, tomada pelos ‘infectados’. Telespectadores e comentaristas, controlados pelo controlador de universos, começam a espalhar “desinformações” sobre o vírus ser apenas um engano, pessoas repetindo roboticamente “não existe vírus nenhum e não há nada a temer” A visão retrô-futurista do Muse acaba se tornando o que estamos vivendo nos dias atuais.

Isso funciona como um despertar. Talvez não tenhamos comprado a hipótese de que estamos apenas copiando e colando algum modelo programado de algum nerd roqueiro acima do peso, mas no final do filme, não podemos ignorar o quanto nossa realidade online é moldada, distorcida e manipulada, para que nós possamos ver o que as grandes corporações querem que vejamos. Assim como um ator nos créditos finais nos mostra, que o mundo visto através de nossos celulares, está sendo simulado para nós. 

Então, o filme Muse – Simulation Theory permite que o espectador, se assim desejar, mergulhe na natureza intrínseca da ’realidade’  moderna gritar com as mentiras e luta pelo poder por trás do cenário pandêmico atual ou apreciar a espiritualidade tecnológica do ‘Deus Algoritmo’. Mas, se eles preferirem, podem simplesmente sentar e curtir a viagem. Bellamy tocando a maior parte do álbum, cantando ‘Take a Bow’ para uma caveira de prata, ou arrebentando nos riffs de ‘Mercy’, New Born ou Stockholm Syndrome’.

Dominic Howard e Chris Wolstenholme tocando um tambor enorme na intro de ‘The Dark Side’. Acrobatas usando roupas de proteção e andam pelo palco com lanternas enquanto a guitarra de Matt emite múltiplos flashes de luz.

O filme tem um conceito tão ambicioso quanto o visual do show, e ele totalmente reinventa a narrativa de shows que viram filme. Mesmo álbuns conceituais gigantes como o ‘The Wall’ ou ‘Tommy’, contaram suas respectivas histórias durante a performance, como um musical, ou no formato cinematográfico tradicional com pouca ou nenhuma gravação ao vivo. O musical de Michael Winterbottom ‘On The Road’ usou gravações de nove músicas  do seu show como um fundo para a sua história principal. Várias bandas já tinham adotado o script dos efeitos visuais de  filmes-shows, mas apenas  como um esboço para ideias maiores e mais criativas, ou para apenas dar tom a músicas específicas. Muse, no entanto, fez a sua história de ficção científica digna de Netflix.

Você poderia chamar isso de um novo formato criativo, mas é tão difícil imaginar tantas bandas aspirando um roteiro tão elaborado. Você poderia, no entanto, imaginar Nick Cave encerrando um filme ao vivo com algum conto de pesadelo gótico no sul. Ou, Arctic Monkeys tendo um caso de amor antigravidade nos corredores do ‘Tranquility Base Hotel + Casino’ entre algumas performances. Você não, Bono.

Muse levou tudo isso a um nível diferente, um pouco distorcida, mas o fato de estar lá poderia fazer uma nova esfera de filmes ao vivo, tão emocionante e emaranhada como um blockbuster de Christopher Nolan. E isso tudo antes que Muse lance isso tudo em VR esse ano, nos levando ainda mais fundo nessa realidade controlada por um superior.

Cada vez mais, essa é a realidade fabricada pelo Muse e todos nós somos apenas falhas de uma simulação.  

O filme ‘Simulation Theory’ está disponível em plataformas online e no IMAX mais próximo.

Fonte: NME, por Mark Beaumont 02/09/2020

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Eu gosto de trabalhar de graça pro Muse e reclamar depois.

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