Tudo sobre a banda britânica Muse formada por Matt Bellamy, Dom Howard e Chris Wolstenholme.

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[Entrevista] A história das músicas

Entrevista concedida a Adam Mamo e publicada pela revista neozelandesa Rip It Up em 03/12/2007.

Ao longo dos anos o Muse tem lançado canções absolutamente excelentes. Para descobrir todas as histórias por trás dessas faixas clássicas, a Rip It Up foi dar uma conferida com o baixista da banda, Chris Wolstenholme.

Map of the Problematique

Essa começou nos ensaios antes de gravarmos o álbum. Foi uma das últimas canções que começamos a trabalhar, mas tudo começou com um som no teclado, ao contrário de qualquer tipo de estrutura melódica ou de acorde, ou qualquer outra coisa. Nós tínhamos uma batida que estava tocando umas notas e tinha uma percussão meio anos 80, meio Depeche Mode/ New Order. Entramos no estúdio e originalmente iríamos tentar mantê-la o mais guiada pelo teclado quanto fosse possível.

Mas então viemos com a idéia de tentar recriar o som do sintetizador usando guitarras. Acabamos passando uma guitarra por todos os alternadores de frequência com esses supressores que se abrem em tempos diferentes, criando o som de did-did-did, que vinha originalmente do teclado. Foi uma das únicas canções que gravamos onde pusemos todas as faixas com guitarra primeiro, e então eu e o Dom (Howard, baterista) chegamos depois e fizemos toda a parte do ritmo. Foi uma maneira de gravar bem diferente de tudo o que já havíamos gravado no passado porque todo o tema da canção foi mais baseado no som e na sua criação, ao invés do que aconteceria normalmente. Sabe, você chega com uns acordes e começa a tocar a bateria e o baixo por cima disso e grava uma música. Foi completamente o contrário. Foi bem interessante como acabou acontecendo.

Starlight

Starlight é uma das canções mais animadoras que já fizemos e quando ela apareceu, queríamos fazer algo levemente influenciado pelos Strokes. Ela tem uma linha de baixo muito simples, com uma batida que cresce além da conta. Na verdade, acabou não soando nada a ver com os Strokes.

A idéia inicial veio de uma melodia de piano muito forte e simples, algo que queríamos desde o início. Não queríamos nada complicado demais, só queríamos uma melodia de piano que fosse muito, muito simples, mas que ficasse na cabeça de todos. Acho que conseguimos.

Na verdade, foi uma canção bem difícil de gravar, porque sabíamos o que era o arranjo da música, mas não conseguíamos decidir direito o que a bateria deveria ser. Ela foi gravada em cinco, seis jeitos diferentes, todos com batidas diferentes, e passamos horas na máquina de ritmos, tentando decidir a batida. No fim, o Dom estava ficando tão cansado de tocar que acabamos usando máquinas de ritmos para ver qual batida soaria melhor. Acabamos mixando tudo e saiu como algo que se parece com glam rock quando começa.

Uma canção bem simples, mas bem difícil de gravar. É sempre duro quando você tem tantas versões da mesma música e realmente não sabe qual é a melhor. Foi meio difícil decidir qual versão iríamos usar.

Knights of Cydonia

O arranjo dessa canção foi decido a partir de um estágio inicial, mas ela começou soando um pouco como surf music com o jeito que a guitarra e a melodia estavam saindo. Ela foi influenciada por bandas como The Tornados e muita coisa do fim dos anos 50 e início dos 60. Essa foi a abordagem inicial para a canção, mas quanto mais a gravávamos, mais percebíamos que queríamos fazer com que ela soasse mais moderna, mas ao mesmo tempo, tentando reter aquele espírito da surf music também.

Essa foi uma faixa que poluímos bastante com os sons da guitarra, e o jeito como a canção funciona é muito, muito diferente de tudo que já havíamos feito, pois fomos influenciados por músicas de filme, e não por bandas de rock ou algo assim. Inicialmente, vimos a música como um single, mas quanto mais tempo passávamos no estúdio, mais ficávamos conscientes de que ela seria uma das faixas mais fortes do álbum.

Invincible

Invincible não era tão forte no início. Foi a última canção que ensaiamos antes de ir pro estúdio e a última a ser composta. Ela não era particularmente dinâmica, ela começou de um jeito e continuou assim até o fim. Sabíamos que havia uma boa estrutura de acordes e uma batida boa passando por ali, mas não sabíamos realmente o que aquilo seria. Pessoalmente pensei que era uma das canções que iriam desaparecer no processo de gravação.

Mas, de fato, dissemos desde o início que queríamos dar a cada single uma atenção completa porque, às vezes, coisas acontecem no estúdio e dão vida à canção, e foi isso o que aconteceu. Começamos a tocá-la e originalmente não havia a parte do órgão, nem nada assim, então o Matt (Bellamy, vocais/guitarra) começou a tocar essa parte, que soava muito bem, e então o Dom começou a tocar uma batida estranha de marcha e todos começamos a tocar juntos. A canção mudou completamente e o Matt começou a fazer uns sons muito estranhos, extremamente dramáticos com a guitarra, e tudo aconteceu num espaço de duas horas. Gravamos e foi isso.

Ela foi feita em uma só tomada e foi ótimo. Dentro do espaço de duas horas, a canção tinha se transformado e a ganhado um espírito completamente diferente e imediato. Ficou óbvio, é claro, que ela estaria no álbum. É brilhante, sabe.

Time is Running Out

Essa foi uma das últimas músicas que fizemos no Absolution. Tínhamos gravado setenta ou oitenta por cento do álbum e fomos para a Irlanda para refazer algumas coisas e terminar algumas faixas novas. Mas essa faz parte do último grupo de músicas que compusemos. Queríamos ir para um lado mais moderno e dançante, um pouco mais… Não dançante, mas um pouco mais atraente. Era algo que realmente nunca tínhamos feito. Algo que fizesse você querer estalar os dedos. Algo que foi mais influenciado por alguém como o Michael Jackson ou alguém assim. Queríamos algo que soasse como Billie Jean. O mais difícil foi que já tínhamos uma grande parte do arranjo pronta, mas não conseguíamos decidir a linha de baixo. Inicialmente, a linha de baixo era muito mais estilosa, e então resolvemos deixá-la mais crua. Livramos-nos de tudo e começamos a brincar com uns sintetizadores e então veio essa linha de baixo meio solta. Assim que isso surgiu, percebemos que era ali onde a canção devia estar.

Stockholm Syndrome

Stockholm veio de um riff que existia há anos. Não consigo nem pensar por quanto tempo esse riff esteve por aí.

Era algo que o Matt costumava tocar bastante nos ensaios. Ele começou a tocar os riffs entre as músicas ao vivo e nós meio que fizemos um pequeno jam. Não víamos nada de mais nele. Quando voltamos para os ensaios, o Matt trouxe a idéia do que a canção poderia ser. Obviamente, precisávamos ser cuidadosos porque é um riff de e tanto de metal. Tínhamos que ser cautelosos para não escrever uma música de heavy metal ou algo do tipo.

Hysteria

Hysteria era uma faixa que já estávamos tocando por um bom tempo quando estávamos fazendo o Origin. Estávamos no Reino Unido, num sound shack, quando o Matt tocou um riff na guitarra e começamos a brincar com ele. Pensamos que ficaria ótimo com uma linha de baixo, o que deixava Matt livre para inventar coisas mais melódicas.

Levamos a canção a um ponto que pensamos que podíamos começar a tocá-la ao vivo, então tocamos, e foi ótimo apesar de que ela não tinha estado em nenhum álbum. Quando fomos para o estúdio, a música havia mudado bastante, e o arranjo mudou, apesar de o básico ainda estar presente nela. Quando ela saiu em um álbum, muitas pessoas já a conheciam.

Muscle Museum

Deus, isso está voltando um pouco no tempo… Consigo me lembrar de que estávamos ensaiando na casa do Matt, anos atrás, e ele veio com essa melodia grega de guitarra meio guinchada e folk, e então adicionamos uma linha de baixo e simplesmente pareceu funcionar.

Havíamos tocado essa canção por anos antes de o Showbiz sair e muito antes de conseguirmos um contrato com uma gravadora. Era uma daquelas canções sobre as quais todos comentavam e diziam quão ótima ela era. É bem simples, mas com uma linha de baixo chamativa e essa parte grega e folk acontecendo. Foi bem diferente de tudo que era feito na época e foi a primeira vez que tínhamos feito algo bem incomum e fora da esfera das bandas de rock.

Falling Away With You

É a única música que gravamos e nunca tocamos ao vivo. Não tenho certeza do porquê. Acho que é porque quando tentamos tocá-la, nunca pareceu funcionar realmente. É estranho, porque ela surgiu desse ambiente ao vivo. Uma vez, fizemos um jam com ela como um interlúdio de uma canção e ficou muito bom. Tentamos tocá-la ao vivo algumas vezes em sound shacks e nunca pareceu funcionar. Talvez algum dia vamos pegá-la e tirar as teias de aranha.

Fonte: Musewiki

Comments: 5

  • Cris_of_Cydonia

    15 de junho de 2010
    reply

    Fico imaginando o porque de nunca tocarem Falling Away With You ao vivo! Essa história de não “soar” bem prá mim é conversa prá boi dormir ¬¬ Afinal de contas, se não soa bem, muda os arranjos e toca ao vivo. Uma música tão linda não ia ficar prá escanteio se não tivesse um BOM motivo, né?
    Alguém tem uma teoria? =D

  • Izaa.

    15 de junho de 2010
    reply

    Adorei a entrevista!!!!
    E concordo com vc Cris_of_Cydonia !!
    a musica é lindaa!

  • Angie

    15 de junho de 2010
    reply

    Cris, eu tenho uma teoria fortíssima, muito possível mesmo… mas acho que ela te deixaria triste, então nem falo…
    Só digo que como o Chris é um amigão de verdade, ele diz apenas que não soa bem e pronto, mesmo que ela seja uma música linda demais pra se deixar de fora. Se fosse apenas isso, eles certamente mudariam os arranjos, se até IBTY acabou sendo tocada mesmo com toda a insegurança deles…

    • Cris_of_Cydonia

      16 de junho de 2010
      reply

      Você achou mesmo que ia poder falar isso sem me deixar morrendo de curiosidade??? Pode contando a sua teoria! ¬¬

  • dannyy

    19 de junho de 2010
    reply

    Engraçado como a idéia inicial nunca chega perto de como a música realmente é.(lógico, na minha poinião)
    Isso é que é referencia sutil!

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