Tudo sobre a banda britânica Muse formada por Matt Bellamy, Dom Howard e Chris Wolstenholme.

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[Entrevista] Galáctico Muse – Time Out Magazine

Muse Go Galatic – Time Out Magazine.


Pomposo. Exagerado. Bombástico. Pretensioso. Esses adjetivos – e vários outros como esses – parecem grudar mais ao Muse do que cracas a baleias. Para alguns, e mistura de rock operático, synth pop épico e baroque’n’roll metal do trio de Teignmouth é tão ridiculamente exagerado que faz com que Queen pareça tímidos minimalistas. A conhecida fixação fantasia-científica do vocalista Matt Bellamy (as músicas de Muse tem títulos como ‘Supermassive Black Hole’ e ‘Knighs of Cydonia’), seu interesse em conspirações da Nova Ordem Mundial e as enormes antenas parabólicas e os shows de laser que tem feito parte de seus shows ao vivo, e você tem… bem, o que exatamente você tem?

Para um músico que tem encarado tantas críticas quanto tem aproveitado as aclamações, e que vem agora experimentando uma cada vez maior atenção da mídia devido ao fato de estar namorando uma extremamente famosa atriz de Hollywood (mais sobre isso mais tarde), o pequeno (nós chutamos 1m68) e magro como uma vara Matt Bellamy parece extremamente confiante, são e centrado. Quando apresentado àquela lista de adjetivos menos-do-que-favoráveis e perguntado por que ele acha que algumas pessoas atacam Muse tão violentamente, sua reação é morna, generosa e desajeitada.

Eu acho que algumas pessoas pensam que isso pode não ser pessoal o suficiente – ele argumenta. Eles não gostam de nenhum elemento de uma performance que não seja ‘honesto’, ou havendo qualquer elemento teatral que não seja o âmago do que é aquela pessoa. Eu amo ambos os lados; eu amo o artista pé-no-chão tocando acústico, como Bob Dylan, e eu amo a louca e teatral criação de Hector Berlioz, que foi projetada para te levar para fora das experiências cotidianas, fora da realidade.

Como ninguém acusa, digamos, Rufus Wainwright, de não ser original, apesar de sua imagem afetada e teatral? É a aversão por qualquer ‘exagero’ que talvez seja parte da psique britânica?

Eu sempre senti que a expressão teatral é muito britânica, Bellamy diz. Seja David Bowie, ou Queen, ou Led Zeppelin, até mesmo The Beatles… todos esses grupos estavam experimentando e se afastando do reino da realidade, só para ver o que havia do lado de fora. Então, no anos 90, quando eu era adolescente, parece que ficou tudo muito conservador, menos experimental, menos confiante e ousado. Eu senti que a reputação internacional da cena ‘Britpop’ era algo muito de olhar prá dentro de si, ao invés de olhar para fora. Nos primeiros anos de Muse, nós fomos percebidos negativamente em nosso próprio país, mas internacionalmente nós fomos percebidos como uma típica banda inglesa.

Muse é, com certeza, maximalista para os homens. Eles vão realmente diminuir o passo no futuro, ou isso é impensável?

Definitivamente. Estou pensando nisso agora mesmo, na verdade. Há uma combinação de fatores que levaram Muse a ser maximalista. Em parte, é o tipo de lugares em que nos colocaram prá tocar – sempre expandindo levemente à frente do que éramos capazes de suportar. Nós estávamos tocando em teatros enormes como o Astoria mais ou menos na mesma época em que estávamos confortáveis tocando em pubs. Então esgotavam-se os ingressos no Astoria e nós pensávamos: Okay, nós temos que aumentar nossas apostas. O sucesso das apresentações ao vivo fizeram que tocássemos em lugares cada vez maiores, além daquilo que podíamos acomodar, então fizemos os shows – e a música – mais espetaculares. O que significou que tínhamos que tocar em lugares maiores. Foi o tipo de situação problemática que acabou nos levando a lugares como Wembley.

Não que Muse tenha alguma vez parecido remotamente intimidado pelo exponencial crescimento do tamanho do palco. Eles tocaram no novo em folha Wembley Stadium em 2007 (assumindo o posto de show inaugural no lugar de George Michael – quão irritante deve ter sido?), esgotando os 75.000 ingressos duas vezes. E no Glastonbury deste ano, Muse bombeou seus quase-clássicos hinos em frente ao que parecia metade de uma nação atônita, nitidamente vendo o debate ‘U2-ou-Muse-conquistam-Glasto?’ ao convidar The Edge para ir ao palco com eles para tocarem ‘Where the Streets Have No Name’. Para fazer esse tipo de grande e diplomático gesto, você tem que ter uma realmente grande banda, ou corre o risco de parecerem um bando de idiotas. Muse fez parecer não apenas fácil, mas também incrivelmente divertido.

Glastonbury foi extraordinário, Bellamy diz. No último ano, no entanto, algumas coisas mudaram, e por isso eu sinto que não podemos ficar muito maiores em termos de tipo de concertos que fazemos. Estranhamente, parece que isso coincidiu com a desestabilização da minha vida pessoal, há mais ou menos um ano. Eu terminei um relacionamento de oito anos e estava morando na Itália há mais ou menos seis anos. De repente, eu estava sem ter onde morar e sem ninguém, então eu estava fazendo muita auto-análise e me conhecendo de novo. Eu sinto que isso me levará a escrever coisas que serão mais pessoais, ao invés de falar sobre grandes preocupações políticas. Isso, por si só, pode levar a um material que seja mais apropriado a palcos menores. E eu sempre gostei da idéia de reinterpretar músicas antigas para se adequar a palcos mais intimistas.

Então ainda veremos Matt Bellamy sentando num banquinho com uma guitarra acústica?

Cansado, com um copo de whisky, cantando músicas de Tom Waits? Sim, claro! – ele ri. Isso está mesmo no horizonte.

Qualquer um que não esteja acordando de um coma recentemente sabe que Bellamy está agora saindo com Kate Hudson e o casal está, supostamente, procurando por um lar juntos em Nova York e Los Angeles. Se a vida em uma banda de rock imensamente bem-sucedida envolve algum escrutínio da mídia, então isso o tem levado a experimentar em um novo e ampliado nível de celebridade. Como ele está lidando com isso?

Pela primeira vez, Bellamy se sente levemente desconfortável e mexe nervosamente nos cabelos. Há uma longa pausa e parece que ele pode se recusar a comentar, mas não.

As coisas vão indo bem, ele sorri timidamente. Nós estamos nos dando bem. E realmente, não é nada de mais…

Não há um batalhão de fotógrafos esperando quando vocês saem de um café juntos, ou te seguindo quando você sai às compras?

Não, tem sido… encantador. Não é nada disso, e eu até achei que seria assim. Ocasionalmente, você sai e alguém vem e tira uma foto, mas é tipo… tanto faz! Você entra no carro e vai embora. Honestamente, nada disso tem me incomodado. Não tem sido nada difícil.

Bellamy pode acreditar na teoria da panspermia (que sugere que a vida na Terra tem origem extraterrestre) e que o alinhamento do contorno da região em Cidônia (Marte) com a posição do círculo de Avebury e Stonehenge não é coincidência, mas ele está tão interessado em política e sociedade quanto está interessado em teorias da conspiração e possibilidades extraterrestres. A letra de Uprising – que ordena a ‘se levantar e recuperar o poder/ é tempo dos gatos gordos terem um ataque cardíaco’ (que foi escrita por volta da época dos protestos do G20) – do The Resistance é apenas uma dica. É irritante que apesar de sua bem articulada visão política, para muitas pessoas você é apenas ‘o cara louco de Muse’?

Eu acho que os jovens tendem a ver certas coisas muito mais claramente do que as gerações mais velhas, diz Bellamy, em relação a como o mundo é estruturado ao redor do sistema bancário, como a democracia não é tão pura como deveria ser, como as ideologias entram em conflito e como são manipuladas por corporações para brigarem entre si com a finalidade de ganhar dinheiro… Acho que todo mundo passa por isso quando é mais jovem, até certo ponto. Eu apenas me expressei publicamente.

Considerando o governo de coalizão que caiu no poder de maneira pouco convincente, como você se sente com as possibilidades de uma ‘revolta’ [Uprising] e ‘resistência’ [Resistance]?

Boa pergunta. Eu acho que os poderosos – donos de empresas, propagandistas do governo, a mídia em geral – estão vacilando na borda, e não vai demorar muito para o que aconteceu na Grécia aconteça em outros países.

Na semana que vem Muse tocará duas noites em Wembley e os esperados elementos impressionantes estão obviamente preparados! O projeto do palco é uma colaboração entre a banda e o designer Ez Devlin, cujos trabalhos estão na ópera contemporânea e no teatro. Se ficar tão impressionante quanto parece, então Muse claramente se recusa a reconhecer o céu como limite.

Eu tentei jogar algumas referências a 1984, os Ministérios em particular, que Orwell descreve como sendo prédios de escritórios em forma de pirâmides, diz Bellamy. Então nós criamos um desses e basicamente tocamos dentro dele. Tem uma tecnologia chamada mapeamento de projeção, que tem sido usada em publicidade há algum tempo, e nós a empregamos no prédio do Ministerio, então parece que todas as janelas estão abertas e há pessoas andando por lá… Espero que o projeto do palco, as imagens e a música juntos tenham impacto o suficiente para encher um estádio como Wembley.

Bellamy disse uma vez que adoraria conhecer David Icke. Será que ele não preferia se encontrar com o gênio Stephen Hawking? Os dois poderiam bater um bom papo sobre contatar vida extraterrestre. Bellamy concorda com Hawking que – como é muito provável que tal vida seja tanto mais inteligente quanto extremamente hostil, vendo a Terra como apenas um recurso a ser esgotado – nós deveríamos evitá-los?

As teorias atuais – baseadas no princípio antrópico – sugerem que deve haver muita vida fora daqui. Nós devemos nos esconder disso? Não, eu não acho que devemos. O pior que pode acontecer é ser tudo varrido do mapa, Bellamy gargalha. Mas isso vai acontecer em alguns bilhões de anos de qualquer maneira, então eu arriscaria, como todos os bons aventureiros. Eles só pegaram seus barcos e, pelo que eles sabiam, iam cair da beira da Terra, mas acabaram descobrindo novas terras. É empolgante e é parte de nossa genética, explorar e expandir. Quer você queira, quer não, o desejo de expandir e andar em frente estão fundamentalmente enraizados em todas as criaturas vivas.

A emoção da expansão. O entusiasmo da exploração. O risco de uma espetacular implosão à medida que você cresce cada vez mais. Talvez alguns não gostem da idéia de imponência e grandiloqüência. Mas ver Muse crescer em seus próprios desafios é um entretenimento curiosamente atraente e super impressionante.

Comments: 5

  • Maria Luiza

    20 de setembro de 2010
    reply

    Entrevista legal,

  • coltsfan

    20 de setembro de 2010
    reply

    old school essa entrevista!
    gostei!

  • dannyy

    20 de setembro de 2010
    reply

    Really nice.
    O melhor de tudo: “o cara louco do MUSE”!!! Nem queria rir!

  • Izaa.

    20 de setembro de 2010
    reply

    Boa a entrevista! “pequeno e magro como uma vara” ahushuas,mesmo assim o matt continua sedutor!

  • paolaBellamyHowardWolstenholme

    30 de dezembro de 2010
    reply

    Lindo, concordo!!!

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