Tudo sobre a banda britânica Muse formada por Matt Bellamy, Dom Howard e Chris Wolstenholme.

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[Entrevista] Não Alimente a Banda

Essa entrevista, que foi concedida a Nick Duerden, foi feita em Agosto de 2000 e foi publicada na edição do mês de Novembro de 2000 da Q Magazine.

Acho ótimas as entrevistas antigas, mas sem desmerecer as atuais. Sem dúvida elas mostram ao fãs novos, que não acompanharam a evolução da banda desde o início, como eles eram e o que faz deles o que eles são hoje: os melhores!

Eles são dolorosamente jovens e dolorosamente magros. O negócio deles é angústia, catarse e destruição. E se eles não estivessem em uma banda, estariam na cadeia. Conheça Muse – defendendo os bons e velhos valores disfuncionais do rock’n’roll. Só não mencione Radiohead.

É pouco depois das 2:30h de um domingo à tarde no meio de um campo na Alemanha. A cidade mais próxima é Leipzig, distante 30 minutos em um taxi com excesso de velocidade. Muse, de Teignmouth, Devon, está no palco do High Field Festival. É a última música deles – Agitated, uma antiga B-side – e o vocalista Matthew Bellamy cede um pouco de violência no palco, como é seu costume. A música acaba e ele empurra com força um amplificador na direção do baixista Chris Wolstenholme. Wolstenholme já viu isso antes, os chiliques de Bellamy são tão regulares quanto a movimentação de um intestino saudável. Um segundo antes da colisão, ele pula para o lado e assiste Bellamy abrir caminho através dos equipamentos na lateral do palco. O vocalista – que mal tem 1,70m e é tão magro quanto se pode ser sem ser anoréxico – luta para ficar de pé e então se lança de encontro à bateria de Dominic Howard, finalizando abruptamente o solo do coitado. Então ele cai fora.

Mais tarde, bebendo vinho em um copo de papelão, um Bellamy de cabelo azul se apresenta à Q. Ele é educado, inquieto e tão pálido que você fica com vontade de comprar-lhe um multivitamínico. Seu queixo ostenta um projeto de cavanhaque que provavelmente nunca irá tomar posse completamente. Então o que foi aquilo hoje à tarde?

Eu perdi o controle temporariamente, ele murmura. Foi só isso.

Mas está se tornando uma ocorrência regular, não é?

Às vezes sim, ele dá de ombros. Às vezes não. De qualquer maneira, é catártico.

Catártico, em termos simplistas, é o que Muse faz. É, eles dirão a você, sua razão de ser. Como em qualquer trio de jovens indivíduos saudavelmente descontentes (todos com idades entre 21 e 22, mas com cara de bebê o suficiente prá se passar por 16), sentem-se em contradição com um mundo hostil. Enquanto Bellamy nunca ousaria se expressar em termos monossilábicos, você imagina que ele acha que sua existência é injusta e se sente guiado por esse sentimento.

Essa pode ser a razão pela qual muitas pessoas com mais de 25 anos desconfiam de Muse,  dizendo que eles são uma falsa, ingênua e (a mais cruel de todas) apenas uma versão de karaokê da apropriada e adulta Radiohead. A crescente base de fãs da banda é, como eles, jovem e impressionável. Depois do show em Leipzig eles passaram 45 minutos na tenda de autógrafos assinando pedaços de papel para a juventude alemã, muitos deles ainda na mais tenra adolescência e sem dúvida sofrendo do mesmo tipo de alienação temporária que eles acham que apenas os músicos podem compreender totalmente. E Muse, assim como Marilyn Manson, articula seus sentimentos perfeitamente.

Suponho que temos uma base de seguidores jovens em sua maioria Bellamy admite, enquanto ressalta que essas não são necessariamente as mesmas pessoas seguem o Westlife. E eu estou perfeitamente feliz com isso, eu encorajaria as pessoas a sentirem uma conexão conosco. O que quer que seja que parte das pessoas que compram nossos discos possam pensar, nós somos muito reais. Assim como nossas preocupações e aflições.

Nesse verão Muse tocou em 40 festivais diferentes ao redor do mundo. É uma punição, mas que eles pediram. Muse assinou com uma gravadora diferente em cada território e eles acham que a única maneira de efetivamente se tornarem conhecidos em todos os cantos do mundo é visitando cada um deles tão freqüentemente quanto possível. Ocasionalmente, eles acham que é uma luta inglória – a Radio 1, por exemplo, ainda não os apóia totalmente e, como resultado, eles passaram raspando o Top 20 – mas, lentamente, está compensando. Seu álbum de estréia Showbiz já vendeu 115.000 cópias na Inglaterra, principalmente no boca-a-boca – apesar de terem a pior capa desde Hysteria, de Def Leppard.

Após a sessão de autógrafos, Muse perambula no backstage, aguardando ansiosamente a apresentação do headline Beck. Enquanto Wolstenholme e Howard se alternam entre jogar críquete com o gerente de turnê e dividir uma cerveja com Coldplay, Bellamy senta-se à uma mesa, uma garrafa de Chardonnay nas mãos.

Não é uma vida particularmente difícil, a que vivemos ele diz. Nós comemos bem, bebemos bem, nos divertimos com as outras bandas e conhecemos pessoas interessantes. Às vezes, no entanto, realmente fica difícil e eu tento descontar em alguma coisa, que é quando eu quebro as coisas no palco ou um quarto de hotel [coisa que ele fez da última vez que esteve na Alemanha, e mais tarde lhe foi apresentada uma conta de £3,000], mas na maior parte do tempo é moleza.

Acabar com quartos de hotel, destruir seu próprio equipamento… isso não parece um pouco clichê?

Não, na hora não! Ele diz, defensivamente. Mas parece clichê ter que responder perguntas sobre isso o tempo todo. O ato em si é completamente impulsivo. E, de qualquer maneira, eu sou jovem. Essa é minha primeira banda. Então o fato de alguém ter feito isso antes de mim é indiferente. É tudo novo para mim.

MUSE se formou no Teignmouth Community College, logo após completarem 15 anos. Cada um se instalou em Devon depois de seus respectivos pais se mudarem para lá de Cambridge, Manchester e Yorkshire. Tiveram uma educação típica de cidade pequena. A principal reclamação, como quase todos aqueles que formaram uma banda, é que eles moravam no meio do nada e eles estavam realmente entediados. Os futuros membros de Muse também representavam o papel de esquisitões locais.

Como eles vieram de fora, não se encaixavam, e a dedicação de Bellamy à tábua Ouija – um passatempo que lhe foi apresentado pela mãe – rapidamente o marcou como duplamente estranho. Eles encontraram a salvação na música, cada um deles experimentando desde os 11 anos de idade. Enquanto os rapazes da mesma idade começaram a usar drogas e cometer pequenos delitos, Muse, muito inseguros para caçar garotas, pegaram o sentimento furioso universal de impotência adolescente e criaram solos de guitarra. E quando a banda começou a se tornar famosa, eles aproveitaram todas as chances para criticar Teignmouth, ganhando a antipatia do então prefeito, Vince Fusco.

Tenho certeza de que ele vai superar isso diz Bellamy inexpressivamente, que agora tem outra revelação sobre a cidade à beira-mar. As pessoas de quem eu era amigo naquela época não ganharam dinheiro de maneira, digamos, ortodoxa. Eu sempre gostei da idéia de ganhar dinheiro facilmente, então acho que era de se esperar que eu tenha ido, você sabe, por esse caminho também.

Wolstenholme e Howard, nesse meio tempo, foram e continuam a ser indivíduos estudiosos que parecem muito felizes em seguir seu óbvio líder. O alto guitarrista [corrigindo: baixista] fala muito pouco além de mencionar, muito agradavelmente para alguém tão jovem, que quando está em turnê, sente falta ma esposa e do filho. Howard, por outro lado, é solteiro, fuma como um diabo e não fala muito também. Ele gosta de frango ao curry e, diferente de Bellamy, prefere cerveja a vinho.

Aos 18 anos, a banda estava cheia de prodigiosa autoconfiança e rapidamente foram cortejados por grandes gravadoras, mas esperaram por aquela que lhe era mais conveniente (Mushroom na Inglaterra, e a Maverick de Madonna no EUA), Showbiz acabou sendo um álbum sólido e impressionante, cheio de rock teatral, e vocal operático que rivaliza com Freddie Mercury. Veja bem, não há como escapar do fato de que soa chocantemente com Radiohead e Jeff Buckley, e isso persegue Muse onde quer que vá.

Bellamy rola os olhos e diz que ele prefere ‘não falar sobre isso’. Depois de um pouco de insistência, ele cede, mas se refere a Readiohead como ‘aquela banda’.

O que eu direi é que, enquanto trabalhava em The Bends, John Leckie [o produtor que Muse divide com Radiohead] e aquela banda foram ver um concerto de Jeff Buckley e foram muito influenciados. Bem, eu também assisti ao Jeff Buckley e eu também fui influenciado por ele. No que diz respeito às outras bandas, eu gosto de uma música ou outra, mas é só isso, na verdade. Eles não fazem muito por mim. Pessoalmente falando, eu acho que não somos nada parecidos com eles. Principalmente ao vivo.

E aqui, para ser justo, ele tem razão. Nos dois shows que Q assistiu – um em Leipzig, o outro uns dias antes em um antigo campo de concentração da Segunda Guerra Mundial perto de Frankfurt – Muse tocam que nem loucos. Feche os olhos e nos primeiros 10 minutos eles quase o fazem pensar que é Rage Against The Machine antes de mudar para Metallica. É difícil dar crédito que três homenzinhos possam fazer um barulho tão grande e corrosivo. Bellamy, em particular, parece que está possuído por algum mal sem nome, e passa a maior parte do tempo cantando dobrado, como se agonizasse. Mulheres já deram à luz com menos contrações. E as duas platéias, ambas ostentando camisetas do Charles Manson ou Hannibal Lecter; veneram Muse como se eles fossem a cabra do próprio satanás.

Nós temos tido algumas reações extremas recentemente Bellamy admite. No Japão, há umas duas semanas, eu estava no elevador do hotel com outras duas garotas. Quando elas perceberam quem eu era, elas caíram de joelhos. Elas não estavam me oferecendo nada – se é que você me entende – mas foi muito estranho. Fascinante também.

Como?

Pois, como uma banda, nós estamos abertos a tantas experiências quanto possível. Quanto a isso, eu diria que somos muito mais rock’n’roll do que muitas outras bandas na Inglaterra. A vida é experimentar, e não resistimos à isso

Não é a primeira vez que ele soa como um jovem Dave Gahan, outra estrela do rock que diz que gosta de se impelir a extremos. Quando foi a última vez que ele usou drogas?

Sem comentários ele sorri.

E as groupies? Ele sorri mais ainda.

Mesma resposta… Beeem… Eu ‘viajo’ uma vez ou outra. Eu só sumo por uns dois dias de cada vez. Depois de um show, por exemplo, eu posso conhecer algumas pessoas e achar que elas são realmente interessantes ou sei lá, e nós saímos prá tomar umas e rir um pouco

E isso pode durar alguns dias de cada vez?

Sim, se for divertido o suficiente

Certamente isso não pega muito bem com os outros membros da banda! Wolstenholme e Howard só sorriem um para o outro.

Nós estamos nos acostumando com isso diz Howard, encarando o vocalista cuidadosamente. É apenas o que ele faz, e aceitar isso significa que temos menos argumentos

Sábia decisão diz Bellamy, ainda praticando aquele olhar travesso, mas chegando cada vez mais perto da perfeição.

Comments: 13

  • dannyy

    18 de julho de 2010
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    That’s fuckin rock n’ roll!!!

  • zsbianca

    18 de julho de 2010
    reply

    “Sábia decisão” suhaushuahsuahsuau

  • yasmim

    18 de julho de 2010
    reply

    “…tão pálido que você fica com vontade de comprar-lhe um multivitamínico.”Será que não zoam o Matt?ahsuahsuahsuahsuah
    E Cris_of_Cydonia sempre postando essas matérias mais antigas!Adoro!É realmente muito legal ver a o quanto eles evoluiram,e principalmente: ver o quanto o visual do Matt melhorou!!hahahahahhahaha

    • Cris_of_Cydonia

      18 de julho de 2010
      reply

      É! Como eu mesma sou uma dessas fãs novas (só conheço a banda há 1 ano e meio!) eu acho ótimo ler as entrevistas mais antigas e ver como eles eram! É maravilhoso ver como eles cresceram, evoluíram, não só como pessoas, mas musicalmente falando. Talvez seja por isso que eu ame tanto o “old Matt”: ele foi fundamental para formar o Matt (e a MUSE) que temos hoje!

  • fibellamy

    18 de julho de 2010
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    “os chiliques de Bellamy” como eu adoro esses chiliques x)

  • coltsfan

    18 de julho de 2010
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    hm *-*

  • jaddymary

    19 de julho de 2010
    reply

    huum, como eu queria encontrar o Matt sozinho no elevador ^^ hahaha

  • Pou

    9 de agosto de 2010
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    Sinceramente, ele é a pessoa que eu mais admiro no mundo, nem pra minha mãe eu cairia de juelhos, e acho isso meio idiota, ele é um ser humano igual a mim defeca o mesmo que eu … Eu lhe daria um tapa na cara ou um abraço e falaria ” caraca! vc é magrinho honey, mas eu te amo.” (Eu devo estar bebada ou algo assim)

  • nathi

    5 de outubro de 2010
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    EU REALMENTE ADORO A BANDA MUSE………. A VOZ DELES SAO OTIMAS,MAIS……….O LOCUTOR PRINCICPAL ACHO UM POCO FEIO………. MAIS O IMPORTANTE É A VOZ!!!!!EU MORRO POR ELES!!!

  • MieBellamy

    23 de novembro de 2010
    reply

    Muse a´r a morte!!

  • MieBellamy

    23 de novembro de 2010
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    Amo ele Magrelinho e branquelo!! parece mais um bichinho de pelucia!!

  • paolaBellamyHowardWolstenholme

    30 de dezembro de 2010
    reply

    Muse até DEPOIS da morte.. shauhsau 🙂

  • missmuse q

    23 de fevereiro de 2012
    reply

    Muse pra sempre s2

    adoro o jeitinho do Matt ♥

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