Tudo sobre a banda britânica Muse formada por Matt Bellamy, Dom Howard e Chris Wolstenholme.

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Especial NME: O primeiro experimento – Showbiz

Matéria publicada na revista NME em maio de 2010 como edição de colecionador. Texto de Dan Martin.

A visão inicial do mundo sobre a banda que seguiria em frente mudando a vida de milhões é um esboço encantador das glórias ainda por vir.

 

Até naquela época era óbvio que o título era uma piada. Se a garota da capa saltando desajeitadamente numa inadequada saia curta e salto alto pela superfície da lua não insistisse o suficiente, os três homens que formavam o Muse em ascensão, com suas pretensões góticas e aflição pré-milênio, teriam claramente preocupações mais importantes que o que a Jennifer Lopez estava aprontando. Só que eles não entendiam exatamente a piada que estavam fazendo, e não se incomodaram em criar um moral para ela. O gênio do Muse toca em diversos assuntos, mas a cultura de celebridades não é um deles.

O primeiro álbum do Muse é o seguinte: ele é um aprendizado, o trabalho de uma banda que ainda se tornaria especial escondido às vistas de todos. Ele os mostra testando seus poderes, decidindo os homens que eles se tornariam. Seria insano se não fosse o caso, já que a banda estava praticamente saindo da adolescência na época. Showbiz não causou mais impacto que o necessário – parece mais um Smallville dividido em duas partes do que a grandiosidade do Super-Homem no telão. As ondulações do piano em Sunburn e a estranha vibração de câmara dos horrores em Muscle Museum tinham todos os ingredientes para o metal vaudeville que eles iriam cravar em New Born apenas dois anos depois. Esse se tornaria o legado de Showbiz.

Por terem vindo do sul mais adormecido e profundo da Inglaterra e por ser 1999, o trio se encontrou duplamente isolado. Esses eram tempos inadequados para ser jovem e planejar fazer sucesso. Com o britpop borbulhando, os melhores daquela época estavam ficando gordos ou cínicos, ou os dois. O grunge, onde o Muse poderia ter se encaixado, era uma memória ainda mais remota. E na era pré-Strokes, havia tanta escassez de algo com o qual se empolgar que as pessoas estavam declarando de cara lavada que o Badly Drawn Boy era O Futuro. E o último álbum de rock com o qual as pessoas realmente se animaram tinha sido o Ok Computer. Está bem documentado quão irritatada a banda ficaria com as comparações com o Radiohead. Mas ninguém pode ouvir o Showbiz e não notar uma densa linha de influência – e não só porque foi produzido por John Leckie.

Considerando as letras, Showbiz estava cheio do estresse padrão de relacionamentos (no entanto, expressado em uma linguagem mais dramática que a usada pelos roqueiros comuns do oeste), enquanto que musicalmente, estava decorado com guitarras que ficavam megapesadas e depois se acalmavam como em Fillip. Os vocais de Matt eram, em grande parte, gemidos e murmúrios ao estilo Thom Yorke, ao ponto de soarem radicais e até errados quando ele os modificava: na lânguida Falling Down, Matt muda do grito mais desagradável e desleixado de Cobain para o seu mais lindo falsete em um segundo.

Nada disso é para negar os clarões de grandeza desse protótipo. Sunburn abria o álbum com uma beleza que a traía depois. Uno era disparada num salto. A densa Cave é uma clara precursora da euforia pop que eles aperfeiçoariam em Hysteria dois álbuns depois. Há um momento de puro brilhantismo em Unintended, uma linda balada que deve ter parecido absurda devido à temperatura da época. O Muse pode ter subido devagar, mas nunca foram superados.

É quase bizarro pensar agora que uma banda já teve permissão para cometer erros numa grande estréia. Ainda assim, Showbiz fica como um prólogo, uma tempestuosa estréia lançada um pouco fora de órbita no resto da cronologia. Menosprezado em sua época, negligenciado ao ponto da quase irrelevância pelo que veio depois, ele ainda é, apesar de tudo, uma pequena e adorável obra de arte, flutuando entre os últimos anos de escola e a estratosfera.

Comments: 8

  • dannyy

    30 de julho de 2010
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    Eu simplesmente não consigo ficar comparando os álbuns do MUSE, como eu já disse antes, gosto de todos do mesmo jeito, e não acho que eles tenham cometido erros, eles eram pessoas em formação ainda, precisaram das experiências do Showbiz para crescer e melhorar nos álbuns seguintes, ou seja, jamais existiria The Resistance se não fosse o Showbiz.

    • Maria Luiza

      30 de julho de 2010
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      Concordo com você Danny, se não fosse o Showbiz não existiria Absolution, Black Holes and Revelations e The Resistance .. e muitos outros albuns que o Muse tá pra lançar ..

      • Izaa.

        30 de julho de 2010
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        Showbiz abriu as portas para muse!

    • Angie

      30 de julho de 2010
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      Concordo, e considero o Showbiz maravilhoso como todos os outros… mas gostei do q falam na reportagem, especialmente pq concordo q o Showbiz foi um experimento. Foi meio q a iniciação, o aprendizado pra tudo o q eles fizeram depois. O q me irrita são aqueles fãs antigos q dizem q eles mudaram e q tinham q continuar como no Showbiz, pq mta coisa no trabalho mais recente remete a ele. No Showbiz eles estavam se encontrando como pessoas e como banda, meio q começando a decidir os elementos q iam fazer parte do estilo deles.

  • fibellamy

    30 de julho de 2010
    reply

    eu amo este “primeiro experimento” x)

  • Nuno Aragao

    31 de julho de 2010
    reply

    Showbiz …. ;DD

  • coltsfan

    31 de julho de 2010
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    showbiz é um clássico…

  • Renan Soares

    7 de janeiro de 2011
    reply

    SHOWBIZ É SHOW!!!

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