Tudo sobre a banda britânica Muse formada por Matt Bellamy, Dom Howard e Chris Wolstenholme.

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Especial NME: A turnê do Muscle Museum (Parte II)

Continuação da matéria republicada na revista NME em maio de 2010. Texto de James Oldham.

É certo que a criação de Matt serviu como uma poderosa força na ascensão da banda. É por isso que quando eles tinham 17 e 18 anos, ele forçava Dominic e Chris a se deslocarem para tocar em infinitos shows em bares desertos, e é como ele acabou convencendo alguém a levar a banda até Nova Iorque para a anual Conferência Musical da CMJ (lugar onde eles foram achados, antes de acabarem assinando com a gravadora da Madonna, Maverick, nos Estados Unidos). Isso te ajuda também a entender o estado mental do grupo quando eles finalmente começaram a gravar o Showbiz. “Para mim”, Matt admite, “foi estranho. Foi a mudança de uma cidade pequena para esse lugar onde eu, de repente, estava rodeado por montes de pessoas dizendo ‘Você é um gênio’. Eu só pensei ‘Jesus, o que está acontecendo? Tenho feito música por cinco anos e agora todos estão dizendo que vai ser massivo.’ Eu não acreditei em nada disso e achei tudo muito desconfortável. E acho que é o álbum é isso, sobre esse mudança de tocar em bares de Devon até voar para diferentes países e assinar contratos em todos eles (o Muse tem um contrato diferente em cada território).”

Não parece motivo para angústia, mas para comemorar. “Não houve intenção consciente de fazer isso tudo”, Matt argumenta, “era só como estávamos nos sentindo no momento. Não sei se foi dor e angústia…” Matt vai ficando quieto. “…Olha, você diz que (o Showbiz) é sobre angústia e dor, mas essas coisas fazem parte de ser humano, e algumas pessoas não querem encarar certas coisas da vida, mas não acho que elas sejam dolorosas de encarar. Não acho desagradável admiti-las.”

A maioria dos adolescentes não pensa duas vezes na morte. Não é estranho que você tenha pensando? “Você está entrando em território estranho…”, ele diz, abaixando a voz. “Todos temos nossas razões pessoais para entender um pouco mais sobre isso. Não acho que seja a hora nem o lugar para entrar nesse assunto. Dois dos meus amigos mais próximos tinham parentes que morreram… (a mesa se cala de forma agourenta)”.

“Olha”, ele se recupera rapidamente, “se você escuta a música e acha que ela é fraudulenta, eu não ligo, vá embora. Não preciso ganhar ninguém. As pessoas que entendem vão entender, e as pessoas que não, simplesmente não vão entender. Não estou desesperado para convencer aqueles que não entendem. Só estou interessado nas pessoas que conseguem se identificar com isso. Quem não entende obviamente teve experiências que não batem com as nossas. A vida é assim. Não vou mudar para me dar bem com todo mundo. É impossível.”

Se você está buscando provas da solidez da música de Matt, aí estão. Quando fala de sua banda, ele fala com clareza e paixão. Sua vida até hoje tem sido uma luta, e o que você ouve no Showbiz – apesar dos excessos barrocos e letras com um ocasional conteúdo desastroso – é o som disso. Está lá, mas não sem objetivo. E é com isso que as pessoas se envolvem.

O Muse é, evidentemente, parte de uma tradição que inclui não só bandas como Radiohead e Nirvana, mas também o Maniacs na época de Richey, e talvez até o The Cure. Seus admiradores podem ser caracterizados pela sua relativa juventude – e Bellamy confessou no passado que “tem como objetivo falar às pessoas da sua idade e aos mais jovens”. “Acho que uma das razões pelas quais disse isso é porque não presumo que eu tenha mais conhecimento que alguém que já viveu no planeta há mais tempo que eu”, ele diz encolhendo os ombros. “Entendo porque pessoas mais velhas que a gente diriam ‘Isso é uma porcaria’. As pessoas são perturbadas pela juventude. Eu realmente não quero afetar ninguém que tenha vivido mais que eu. Sei o que sentiria se alguém mais novo estivesse cantando algo que ele acha que está sendo direcionado para mim. Percebo que, com o tempo, minhas opiniões mudam e contradizem o que eu pensava quando era mais novo. Só posso falar do que sei, não quero entrar em conflito com pessoas cujas vidas foram mais longas e calejadas que a minha.”

Você acha que é por isso que seus fãs são mais novos que os de outras bandas indie? “Algumas das coisas que penso têm mais a ver com quem foi criado na minha época”, ele decide. “Tem a ver com a tecnologia. No Japão, eles conseguiram combinar grandes avanços tecnológicos com religião, enquanto aqui abandonamos um pelo outro. Acho que tem muita falta de sentimento por aí, e isso afeta as pessoas dessa geração mais que qualquer outra.”

Tudo isso vindo de uma banda que é frequentemente acusada de ser apolítica (de maneira infame, já que uma vez eles se recusaram a comentar sobre a eleição da extrema direita na Áustria). Talvez os pensamentos deles funcionem numa escala mais global. “Querem realmente que a gente se importe com essa coisas (a situação da Áustria, por exemplo)”, Matt suspira, “e eu consigo entender porque as pessoas ficam profundamente ofendidas por nós não sabermos certas coisas, mas ninguém é perfeito. Realmente prefiro não falar sobre isso. Não acho que a visão política de uma banda seja relevante, a não sela que ela seja mencionada nas canções. Tudo o que é político nas nossas músicas está mais num nível espiritual que parlamentar.”

E com essa bomba, é hora de pedir outra garrafa de vinho.

Aguardem a parte III que será postada amanhã!

Comments: 5

  • yasmim

    7 de agosto de 2010
    reply

    Uau!Vamos pra 3ª parte então!

  • coltsfan

    7 de agosto de 2010
    reply

    *-*

  • Izaa.

    7 de agosto de 2010
    reply

    Muito foda! adoro essas revistas!

    • Maria Luiza

      7 de agosto de 2010
      reply

      Foda msm !

  • dannyy

    7 de agosto de 2010
    reply

    Sim, outra garrafa de vinho!

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